Para competir com sistemas tradicionais de pagamento, as redes blockchain precisam se tornar altamente escaláveis, ou seja, capazes de acomodar um número exponencialmente crescente de usuários, transações e dados, principalmente agora, que cada vez mais pessoas estão adotando a utilização de criptomoedas.
Dessa forma, somente quando incorporar adequadamente esta escalabilidade em sua estrutura, as redes blockchain podem substituir os sistemas legados. Com isso, soluções de primeira camada (layer-1) adicionam uma utilidade a uma blockchain nativa para otimizar seu desempenho.
Por outro lado, as soluções de segunda camada (layer-2) são protocolos de terceiros que se integram a uma blockchain de camada 1 subjacente para aumentar a taxa de transferência transacional. Com isso, neste artigo, iremos explicar mais a fundo as diferenças entre blockchains de primeira e segunda camada.
O que é escalabilidade em blockchain?
Embora a tecnologia blockchain esteja provando ser um novo pilar da economia global, a estrutura das redes descentralizadas enfrenta um desafio único, conhecido como “blockchain trilemma”, que envolve o ato de equilíbrio entre descentralização, segurança e escalabilidade dentro de uma infraestrutura.
Nesse sentido, a descentralização se refere à distribuição de poder de computação e consenso em toda a rede, enquanto a segurança reflete as defesas de um protocolo blockchain contra agentes maliciosos e ataques à rede. Ambos são inegociáveis para a função de uma rede blockchain.
Algo também essencial é a escalabilidade, que se refere à capacidade de uma rede blockchain de suportar alta taxa de transferência transacional e crescimento. A escalabilidade é crucial porque representa a única maneira de as redes blockchain competirem razoavelmente com plataformas legadas e centralizadas.
Uma comparação comumente usada para indicar o abismo na escalabilidade é que o Bitcoin consegue processar entre 4 e 7 transações por segundo enquanto a Visa consegue processar 1700 transações por segundo.
Para competir com estes sistemas existentes, a tecnologia blockchain precisa igualar ou exceder este alto nível de escalabilidade. Agora existe todo um subsetor da indústria blockchain que vem trabalhando para melhorar esta escalabilidade.
Com isso, graças a toda uma nova geração de blockchains e soluções de escalonamento criadas especificamente para resolver esse problema, os limites de escalonamento estão cada vez maiores na tecnologia blockchain. Para isso, tais projetos resolvem o problema de escalabilidade de duas formas diferentes: soluções de primeira camada e soluções de segunda camada.
Soluções de escalonamento de primeira camada
Em um ecossistema descentralizado, uma rede de primeira camada se refere a uma blockchain, enquanto um protocolo de segunda camada é uma integração de terceiros que pode ser utilizada em conjunto com uma blockchain de primeira camada. Por exemplo, Bitcoin, Litecoin e Ethereum são blockchains de primeira camada.
Nesse sentido, as soluções de escalabilidade de primeira camada aumentam a capacidade do próprio protocolo blockchain. Atualmente, várias metodologias estão sendo desenvolvidas para melhorar essa questão das redes blockchain de forma direta.
Isso funciona da seguinte forma: as soluções de camada 1 alteram as regras do protocolo de forma direta para aumentar sua capacidade e velocidade das transações, acomodando mais usuários e dados.
Por exemplo, estas soluções podem aumentar a quantidade de dados contidos em cada bloco ou acelerar a taxa em que os blocos são confirmados, de forma que as taxas de transferência geral da rede sejam também aumentadas.
Soluções de escalonamento de segunda camada
A segunda camada se refere a uma rede ou tecnologia que opera em cima de um protocolo blockchain para melhorar sua escalabilidade e eficiência. Essa categoria de soluções de escalonamento envolve a transferência de uma parte da carga transacional de um protocolo blockchain para uma arquitetura de sistema adjacente.
Em seguida, as soluções então lidam com o peso do processamento da rede e só posteriormente reporta a blockchain principal para finalizar seus resultados. Ao abstrair a maior parte do processamento de dados para a arquitetura auxiliar, a blockchain da camada base fica menos congestionada e, em última análise, mais escalável.
Por exemplo, o Bitcoin é uma solução de primeira camada e a Lightning Network é uma solução de segunda camada para melhorar as velocidades de transação na rede Bitcoin. Também existem outras soluções de segunda camada para tratar este problema.
Veja também: Lightning Network: Conheça o protocolo que levará o Bitcoin ao próximo nível
Limitações das soluções de primeira e segunda camada
Cada solução relacionada às camadas possuem seus próprios benefícios. Por exemplo, a principal vantagem das soluções de primeira camada é que os desenvolvedores não precisam adicionar nada à arquitetura existente, visto que a base da camada é trocada.
Enquanto isso, as soluções de segunda camada não mudam o protocolo da camada base. Além disso, essas soluções permitem várias micro transações sem exigir que os usuários paguem altas taxas de transação ou percam com a verificação do minerador.
Contudo, alguns projetos colocam em prática soluções de primeira e segunda camada em uma mesma blockchain para garantir que o “blockchain trilemma” seja de fato resolvido. Um destes projetos é a Algorand, que utiliza um protocolo de consenso chamado de Pure Proof of Stake.
Conclusão
A escalabilidade é a principal razão pela qual a adoção em massa de criptomoedas é inibida. Para garantir que as criptomoedas sejam escaláveis e rápidas o suficiente para as transações do dia a dia, é necessário que protocolos sejam criados para resolver este tipo de problema.
Dessa forma, é por isso que projetos com o Algorand são críticos e é de fato importante que outros projetos sigam o exemplo, fornecendo uma solução viável para o “blockchain trilemma”.
As soluções de dimensionamento de primeira e segunda camada são dois lados da mesma moeda na indústria criptográfica, sendo estratégias projetadas para tornar as redes blockchains mais rápidas e mais adaptáveis a uma base de usuários em rápido crescimento.
Além disso, essas estratégias não são mutuamente excludentes, e muitas redes blockchains estão explorando combinações de soluções de primeira camada e segunda camada, obtendo maior escalabilidade sem sacrificar a segurança ou a descentralização de seus projetos blockchains.
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