A queda dos juros incitou investidores a procurarem alternativas de investimentos que remuneram melhor que a poupança e a renda fixa.
Com acesso a diversos ativos em um único portfólio e a comodidade de ter um profissional altamente qualificado, que faz a gestão do seu dinheiro, os fundos de investimento têm atraído cada vez mais pessoas que buscam alternativas mais rentáveis e querem diversificar os seus investimentos, sem se preocupar em obter conhecimento sobre o mercado financeiro e administrá-los de perto.
As gestoras de fundos de investimento são compostas por diversos profissionais qualificados que buscam o crescimento do patrimônio dos seus clientes. Hoje, mais de R$ 4,7 trilhões estão sob os cuidados das gestoras de investimento.
Um dos maiores benefícios dessa modalidade é permitir que os investidores que não têm muito tempo ou dinheiro invista em conjunto com outros, a fim de diversificar de forma mais ampla do que seriam capazes de fazer sozinhos. Além disso, cada gestora de investimento pode ter vários fundos de investimento com diferentes estratégias e riscos, que se adequam ao perfil de cada investidor.
Não é a toa que em 2019 os fundos de investimento terminaram o ano com patrimônio acumulado de R$ 5 trilhões, conforme informações divulgadas pela “Economática“. O estudo considerou fundos de investimento presentes no mercado desde dezembro de 2010.
Cenário Interno
Quando vamos buscar exemplos no mundo dos investimentos, retiramos diretamente lá de fora, especialmente dos EUA. Pensamos em nomes como George Soros, Ray Dalio, Peter Lynch, Carl Icahn, entre outros.
Todavia, existem gestores brasileiros tão ou mais competentes do que a elite de investidores globais. Os gestores brasileiros trazem maior proximidade aos investidores, além de divulgar mensalmente suas cartas, muitos deles expõem suas estratégias e abordam seus principais conhecimentos em vídeos no YouTube, no Twitter e demais redes sociais.
Além disso, são pessoas que entendem profundamente o mercado financeiro no brasil, seu cenário adverso e suas oportunidades.
Conhecendo os 3 gestores de fundos brasileiros mais renomados
A melhor forma de investir em fundos é entender como funcionam as principais mentes do mercado financeiro brasileiro e como eles chegaram lá. Afinal, se queremos alcançar qualquer objetivo, devemos observar quem já o fez. Por essa razão, separei os 3 gestores de fundos brasileiros mais renomados para que você possa encontrar o que mais se alinha com as suas estratégias.
Luis Stuhlberger
Formado em Engenharia Civil pela POLI (USP), Stuhlberger tem especialização em Administração pela FGV. Iniciou sua carreira no mercado financeiro em 1981, como operador de mercado futuro e de commodities na Hedging-Griffo.
Em 1985, tornou-se diretor da corretora, e em 1992, estruturou e implementou uma área de gestão de fundos. Em 1997, lançou o Fundo Verde, que atualmente se encontram entre as 20 maiores gestoras do Brasil.
Na Verde eram geradas análises macro e microeconômicas com viés fundamentalista, contemplando o mercado local e internacional. Ao analisarmos o desempenho do fundo Verde desde o início de sua criação, nos deparamos com um resultado impressionante, hipoteticamente a pessoa que tivesse investido R$100,00 no início, teria agora um total de R$14,3 mil.
Hoje os fundos Verde são compostos por ações, moedas, títulos públicos e privados e operações que têm como base cotações de ativos negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros, a BM&F no mundo, contando com R$ 48 bilhões de ativos sob gestão. O fundo CSHG Verde Fic Fi Mult, tem o CDI como benchmark, acumulando uma valorização superior a 18.175% desde o seu lançamento, em 1997.
Atualmente o fundo encontra-se fechado para novos entrantes, com aplicação mínima de R$ 5.000,00 e taxa de administração de 1,5% ao ano. O fundo possui um retorno anualizado de 24,46%, contra 14.15% do CDI.
Luis Alves Paes de Barros e Henrique Bredda
Esses dois nomes foram responsáveis pela criação da gestora Alaska Black.
Luiz Alves Paes de Barros, fundador do fundo de investimento Alaska Black, em 2015, formou-se em economia pela USP e sua carreira de investidor teve início no Credit Suisse Hedging-Griffo, onde foi sócio de Luis Stuhlberger, considerado um dos maiores gestores do país.
Luiz sempre foi muito discreto, dificilmente dá entrevista ou aparece nas mídias, por essas características ficou conhecido como “bilionário fantasma”.
Henrique Bredda é formado em engenharia Naval e Oceânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), porém trabalhou pouco tempo em sua área. Anteriormente a sua entrada no mercado financeiro, ele foi analista de crédito do Banco Itaú.
Em 2005, Henrique Bredda se tornou equity analyst na Spinnaker Capital, onde amadureceu seus conhecimentos sobre o mercado financeiro. Em 2010, foi cofundador da Skipper Investimentos, onde até o final de 2011 trabalhou como analista. A partir de 2012 se tornou gestor do fundo de ações da gestora.
O gestor busca empresas que estão “fora do radar” da maioria dos grandes investidores. Ele é adepto da análise fundamentalista e suas escolhas são baseadas no longuíssimo prazo.
Um dos seus principais fundos é o Alaska Black FIC FIA – BDR NÍVEL I, que tem o Ibovespa como benchmark, procurando gerar resultados consistentes e superiores através de investimentos majoritariamente em empresas, além de poder atuar nos mercados de câmbio, juros e índice.
Bredda ganhou visibilidade através do seu primeiro grande acerto, quando investiu em ações de Magazine Luiza, que viram seu valor se multiplicar por 5 em 2017. Esse fato ocorreu em 2015, quando a empresa vivia um péssimo momento e suas ações da empresa estavam em mínima histórica, R$ 0,12.
O gestor acreditou na reestruturação da empresa e apostou pesado, de 2016 ao final de 2019, as ações da varejista foram de R$ 0,12 para R$ 47,67. Uma valorização de 39.625% em poucos anos.
Mas nem tudo são flores, entre os dias 23 de janeiro e 23 de março, os fundos Alaska Black caíram -70%. O impacto do Coronavírus na ações da bolsa e pela guerra no preço do petróleo, levaram a bolsa de valores a seis circuit breakers no intervalo de apenas oito pregões.
Na tentativa de se proteger, o fundo estava vendido em dólar e comprado em juros, ou seja, apostando na queda do dólar e na valorização dos juros. Todavia o resultado foi o contrário, os bancos centrais reduziram os juros e o real foi ficando cada vez mais desvalorizado frente ao dólar, impactando drasticamente na rentabilidade do fundo conforme podemos observar no gráfico.
Todavia, não foi apenas o sucesso no case de Magalu e o impacto negativo do fundo este ano, que deu fama a Henrique Bredda. O gestor tem uma participação ativa no Twitter, com diversos assunto polêmicos, relacionados ao mercado financeiro e a política. Tudo isso deu ainda mais fama ao fundo, que em 2019 captou R$ 2,4 bilhões.
Atualmente o fundo encontra-se aberto para novos entrantes, destinado exclusivamente a investidores qualificados, pessoas físicas e jurídicas, bem como a Fundos de Investimento e Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento. O fundo possui um retorno anualizado 10,82%, contra 4,70% do Ibovespa, com aplicação mínima de R$ 5.000,00 e taxa de administração de 1,85% ao ano.
Florian Bartunek
Florian Bartunek é formado em administração pela PUC do Rio de Janeiro. Seu primeiro emprego mercado financeiro, foi no banco Pactual, em 1989, que tinha muita pouca notoriedade na época.
Começando sua carreira como um analista de investimentos, Florian ganhou experiência no ambiente volátil do mercado. Depois de alguns anos depois, após divergências internas com o BTG Pactual, resolve procurar um emprego no concorrente o banco Garantia, no qual Jorge Paulo Lemann era o fundador.
Em meados de 1998, Lemann oferece uma oportunidade a Florian, montar um fundo de gestão de recursos para que seu dinheiro fosse investido no mercado de capitais.
Em 2002 foi criada a Constellation, estruturada como um partnership, onde seus principais acionistas são os seus executivos. A gestora se baseia na análise fundamentalista (Value Investing), que busca Investir em ações com vantagens competitivas claras e bem administradas, ou seja, que se mantém na liderança de seus setores por anos, como a fabricante de bebidas Ambev.
Um fato curioso sobre Florian Bartunek é que ele foi um dos idealizadores do famoso livro “Fora da Curva: Os Segredos dos Grandes Investidores do Brasil e o que Você Pode Aprender com Eles”. A obra reúne depoimentos de grandes investidores e empresários do Brasil, como Luiz Fernando Figueiredo, Luis Stuhlberger, Guilherme Aché, André Jakurski, entre outros.
O “Fora da Curva” fez tanto sucesso que em fevereiro de 2020, foi lançado o segundo livro da série, “Fora da Curva 2: Mais Investidores Incríveis Revelam Seus Segredos – E Você Pode Aprender com Eles”, que conta com a participação de Henrique Bredda, Armínio Fraga, Guilherme Benchimol, entre outros.
Retomando a Constellation, em 2017, os fundos da gestora tornaram-se disponíveis para aplicação nas plataformas digitais, com isso, terminaram o ano gerindo 3.3 bilhões de reais. Em 2019, a gestora torna-se signatária do PRI (Principles Responsible Investment), com 7 bilhões de reais sob gestão, contemplando investidores institucionais e individuais.
Com a permissão do acesso de investidores externos e trabalhar com estratégias de ações long only (operação comprada com aposta na alta) e long & short (operação comprada ou vendida, com aposta na alta ou queda). Atualmente o principal fundo de sua gestora é o Constellation Institucional FIC FIA, que já conta com mais de 20 mil cotistas e R$ 1 bilhão de patrimônio líquido.
Criado pela gestora Constellation, há 13 anos, o fundo Constellation FIC FIA, tem o Ibovespa como Benchmark, detendo R$ 14 bi sob gestão, conseguindo cerca de 664,91% de resultado, contra 86,86% do Ibovespa.
Atualmente o fundo encontra-se fechado para novos entrantes, com aplicação mínima de R$ 50.000,00 e e taxa de administração de 2% ao ano. O fundo possui um retorno anualizado de 16,14% contra 4,70% do Ibovespa.
Conclusão
A rentabilidade dos fundos apresentados demonstram um trabalho muito bem executado por seus gestores, que se traduz na felicidade dos seus cotistas. Investir em fundos agrega melhor qualidade de resultado ao longo do tempo, tendo em vista que para chegar no nível de profundidade e experiência dos gestores mencionados teríamos que ter mais uma vida disponível.
Creio que para você, que lê esse artigo, seja igual. Investir em fundos significa deixar o seu dinheiro nas mãos de um profissional capacitado, diversificar os seus investimentos, aumentando suas chances de ganhos no longo prazo e protegendo seu patrimônio de eventuais crises.
Além disso, o imposto é cobrado na fonte (imposto de Renda e IOF). Apresentando uma enorme facilidade ao investidor, que não precisa se preocupar com o recolhimento dos tributos.
É importante frisar que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Mesmo assim, se formos observar o retorno anualizado dos fundos, podemos perceber a facilidade de entrega de ganhos superiores ao CDI, de forma segura.
Apesar de estarem fechados para novos entrantes, esses fundos podem ser reabertos para investimentos por meio de fundos espelho (fundo que espelha o desempenho de outro), cabe ao investidor ficar atento, afinal todo investimento bem sucedido, começa com uma oportunidade identificada.
Em setembro de 2018 aconteceu com o Fundo Verde, após 10 anos fechado, foi criado o fundo espelho Verde AM X60 Advisory FIC FIM, que comprou as cotas do fundo master, replicando integralmente a estratégia do original.
Por fim, o investidor deve analisar a lâmina de cada fundo, que contém as restrições sobre o investimento, as taxas cobradas, a composição da carteira com os ativos em que se concentram as aplicações e as devidas classificações de risco dos fundos, conforme a estratégia escolhida. Invista com os melhores gestores do Brasil, tenho certeza que o seu patrimônio irá agradecer.