No estudo das origens do dinheiro e do sistema financeiro, frequentemente nos deparamos com o termo Sound Money, que tem suas origens na Roma Antiga, onde pequenas moedas de prata eram utilizadas no dia a dia. O conceito significa dinheiro que soa como verdadeiro, forte e estável e que possui valor intrínseco e lastreado em algo tangível.
No decorrer dos anos, as experiências humanas acumuladas levaram à conclusão de que moedas de ouro e prata são o exemplo perfeito de Sound Money. A escassez, a portabilidade e as propriedades físicas que lhes conferem resistência tornaram esses metais preciosos mercadorias de troca.
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Som inconfudível
O som emitido por uma moeda de ouro, prata ou cobre quando deixada cair em uma superfície dura de pedra ou madeira, era uma das formas utilizadas para verificar a autenticidade da moeda e se ela não havia sido misturada com outras substâncias de qualidade inferior.
Sound Money é um pré-requisito para uma economia sólida e próspera por representar riqueza de verdade, com som e características de autenticidade em contraste à moeda fiduciária, que pode ter seu fornecimento expandido sem nenhuma dificuldade por um órgão central, ocasionando a perda de valor com o passar do tempo.
No decorrer da história da humanidade sempre houve distorções econômicas resultantes da degradação da moeda. Em Roma, moedas de prata eram falsificadas com metal de qualidade inferior, reduzindo para apenas 5% o teor de prata.
“Dinheiro não é uma invenção do estado. Não é um produto de um ato legislativo. Até mesmo a sanção de uma autoridade política não é necessária para sua existência. Certas commodities passaram a ser dinheiro naturalmente, como resultado das relações econômicas que são independentes do poder do estado.” Carl Menger
Exemplo do que não é um Sound Money
Repare como o dólar vem perdendo valor ao longo dos anos devido às políticas monetárias estipuladas pelo banco central, com o objetivo de gerar “estabilidade” à economia.
Bitcoin
Emergindo como o Sound Money da era digital, o Bitcoin surge preenchendo os requisitos necessários para tal. Assim como o ouro, é escasso, raro e para a sua criação são necessários tempo e esforço. Como consequência, não pode ser inflacionado ou desvalorizado.
Entendendo as características que tornam um dinheiro forte de verdade fica mais fácil compreender as vantagens do Bitcoin frente a séculos de dominância do dinheiro baseado em confiança.
O Bitcoin apresenta até mesmo vantagens em relação ao ouro, vamos conferir algumas.
Portabilidade: o Bitcoin pode ser transferido e enviado em questão de minutos, sem limite máximo bastando estar de posse de sua chave privada. Já o ouro pode ser movimentado em pequenas quantidades, porém montantes maiores torna inviável a sua portabilidade, dependendo da situação.
Resistência à censura: talvez essa seja uma das mais importantes características do Bitcoin. Fundamentado na ideia de que nenhum órgão central pode se apropriar ou impedir uma transação, ele se torna uma moeda verdadeiramente representante da liberdade.
O ouro, devido à sua natureza física, é vulnerável a arbitrariedades de órgãos centralizadores.
Verificável: graças à criptografia e tecnologia blockchain, as transações em Bitcoin são autenticadas e verificadas posteriormente. O ouro pode ser verificável, porém são necessários esforços de auditoria para conferir se o material não foi falsificado ou misturado secretamente à materiais de qualidade inferior.
Facilidade de transação: o Bitcoin pode ser facilmente enviado a qualquer momento e para qualquer parte do mundo. O ouro não possui essa mesma facilidade, novamente devido às suas propriedades físicas.
Segurança: a confirmação das transações com Bitcoin é feita em um sistema distribuído sem um ponto central que pode ser alvo fácil de um ataque.
Para garantir a segurança do ouro, são necessários gastos para o devido armazenamento. Outra questão muito importante é a possibilidade de falsificação.
Vamos ver um exemplo
Recentemente, a Kingold Jewerly, uma das maiores fabricantes chinesas de joias e listada na bolsa americana NASDAQ, foi acusada de praticar fraude envolvendo a utilização de ouro falso e causar prejuízo bilionário.
Por vários anos, a empresa utilizou um suposto estoque de 83 toneladas de ouro, avaliado em 20,6 bilhões de yuans (US$ 4,2 bilhões), como depósito em garantia para conseguir acessar empréstimos, sem deixar suspeitas de irregularidades.
Porém, o golpe veio à tona quando uma credora decidiu liquidar o ouro dado como garantia devido ao não pagamento de um empréstimo.
Após um credor ter acesso ao material, foi constatado que não passava de cobre pintado, o que levou outros credores a também pedirem auditoria.
Foi aberto um processo de investigação e descoberto que a reserva total da empresa, coberta por apólice da seguradora estatal PICC P&C, era falsificada, o que gerou um prejuízo equivalente a R$ 15,2 bilhões.
A empresa se defendeu alegando que o ouro falsificado se tratava de um estoque mais antigo de baixa pureza.
E assim fica a dúvida sobre a veracidade da proporção do suposto ouro detido pela empresa e sobre a necessidade de auditoria constante para a mais antiga reserva de valor contra esse tipo de fraude.
Essa fragilidade do ouro em relação à sua segurança reforça as vantagens do Bitcoin e deixa a dúvida sobre legitimidade de toda a quantidade de ouro em posse dos bancos centrais ao redor do mundo que tem aumentado consideravelmente suas reservas de ouro nos últimos anos.
1. Estados Unidos – 8,133 toneladas
2. Alemanha – 3,369 toneladas
3. IMF – 2,814 tonnes
4. Itália – 2,451 toneladas
5. Franças – 2,436 toneladas
6. Rússia – 2,168 toneladas
7. China – 1,885 toneladas
Os países compraram ouro na última década como nunca antes e também têm repatriado seu ouro de outros países, principalmente armazenado em Nova York e Londres.
Os bancos centrais adicionaram 650 toneladas às suas reservas em 2019, a segunda maior mudança em 50 anos após as 656 toneladas adicionadas em 2018.
Até a crise financeira global em 2008, os bancos centrais eram vendedores líquidos de ouro.
Esse aumento na demanda pelo metal precioso levou sua cotação à máxima histórica acima dos US$ 2.000,00.
Como podemos ver, o Bitcoin, embora muito recente, é uma nova forma de valor. Facilmente transferível para qualquer lugar do mundo, resistente à inflação, forte contra a censura e centralização de poder, altamente divisível e competitivo ao monopólio estatal da moeda, representando o verdadeiro livre mercado.
As características do Bitcoin são desenhadas para que ele não possa ser falsificado, facilmente atacado por agentes maliciosos e inflacionado. Pelo contrário, seu algoritmo especifica a quantidade máxima de Bitcoins que serão emitidos, 21 milhões, tendo um ajuste na dificuldade dos minerados para as regras serem mantidas, representando dessa forma, um dinheiro forte de verdade.
Sendo assim, o Bitcoin tem todas as características necessárias para ser visto como uma reserva de valor no futuro não muito distante.
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