Sam Zell, um dos maiores oportunistas do mercado e o que podemos aprender com ele

No artigo de hoje, falaremos sobre Sam Zell e o que podemos aprender com ele.

Zell um dos mais conhecidos investidores no ramo imobiliário, principalmente em ativos imobiliários de risco, do planeta.  Onde tais investimentos já lhe renderam uma fortuna de US$ 5,3 bilhões, de acordo com a Forbes.

Veja também: Fundos imobiliários ou imóveis: em qual investir?

Quem é Sam Zell?

Conhecido como o “Mestre Yoda” do mercado, ele é extremamente respeitado pelas ações filantrópicas que promove.

Atualmente, segundo a Forbes, o empresário é o 529° homem mais rico do mundo e o 148º mais rico dos Estados Unidos.

Sam Zell, batizado com o nome de “Shmuel Zielonka”, nasceu em Chigago – Estados Unidos em 28 de setembro de 1941. Seus pais, Ruchia e Berek Zielonka, possuíam origem judaica e imigraram da Polônia para os EUA pouco antes de Sam nascer.

Aos doze anos, a família se mudou para Highland Park, em Illinois, e Sam terminou seus estudos na Highland Park High School.

Posteriormente, em 1963, aos vinte e dois anos, Sam se graduou como bacharel em Artes na Universidade do Michigan. Foi membro da conhecida fraternidade “Alpha Pi”.

O começo de tudo

Zell começou sua trajetória ainda na universidade, quando administrava apartamentos estudantis para não pagar aluguel. Sam Zell e Robert Lurie, seu amigo de faculdade, obtiveram a oportunidade de administrar alguns imóveis que abrigavam a moradia de estudantes da faculdade.

Em princípio, os amigos começaram administrando um complexo de apartamentos com cerca de quinze unidades. Começaram pequenos, mas obtiveram tanto sucesso que terminaram suas graduações com mais de quatro mil apartamentos sob a tutela dos dois.

Desses quatro mil imóveis, a dupla era dona de cerca de duzentos imóveis. Isso lhe proporcionou ensinamentos importantes para os negócios imobiliários, sua primeira e principal expertise.

Em 1964 ele comprou seu primeiro prédio enquanto cursava a faculdade de direito. Ele tinha 24 anos quando se formou na faculdade e ganhou cerca de US $150.000 naquele ano (uma renda de cerca de US $1,1 milhão hoje).

Equity Group Investments (EGI)

O investidor é o fundador da Equity Group Investments (EGI), empresa de private equity que investe desde 1967, no setor imobiliário, de energia, logística, manufatura, transportes e comunicação.

Sam voltou para Chicago depois da faculdade de direito e, após quatro dias como advogado, voltou a investir. Ele fundou a antecessora da Equity Group Investments (EGI) em 1968. Um ano depois, trouxe Bob Lurie para a empresa como sócio.

Em 1969, Zell ofereceu uma parceria no negócio para seu antigo colega, Robert Lurie. Ex-irmão de uma fraternidade da UM, Robert havia trabalhado para Sam em sua empresa de administração de apartamentos.

Seu novo sócio se mudou para Chicago e começou a auxiliá-lo à frente da companhia.

Juntos, Zell e Lurie construíram um império, que abrangia diversos setores e possuía e administrava bilhões de dólares em ativos.

Eventualmente, a Equity Group Investments se tornou uma das maiores empresas de investimento imobiliário do mundo.

O grupo possuía três braços independentes:

  • Residential;

  • Office Properties Trust;

  • Lifestyle Properties.

Em pouco tempo, a Equity Investments Group se tornou referência em seu nicho de atuação e um dos maiores grupos de empreendimentos imobiliários do mundo.

Trajetória no Mercado Imobiliário

Em 1973, Sam previu um colapso do mercado imobiliário comercial enquanto o mercado ainda estava no auge. Apesar das advertências de seus pares, ele parou de comprar ativos, começou a acumular capital e estabeleceu uma empresa de administração de imóveis para se concentrar em ativos problemáticos.

“Foi o maior risco da minha carreira até o momento”, disse Sam, “é difícil sair da sala enquanto todos ainda estavam na festa”. Porém, menos de um ano depois, em 1974, o mercado despencou. Da noite para o dia, Sam estava comprando ativos a 50 centavos de dólar.

Naquela época, ele escreveu um artigo chamado“ The Grave Dancer”. O uso do apelido foi feito de maneira um tanto cômica. Sam buscava ativos em situações deterioradas e com poucas chances de sobrevivência, segundo a opinião convencional.

Para  o empresário ele não estava dançando em sepulturas, mas ressuscitando os mortos, todavia o apelido pegou.

Em meados dos anos 80, Sam viu outro colapso imobiliário mais profundo e sistêmico se aproximando, então ele abordou a Merrill Lynch para iniciar uma série de fundos imobiliários em dificuldades. No início dos anos 90, foi o pior crash da indústria desde a Grande Depressão.

“Durante o péssimo mercado imobiliário de meados da década de 1970, ninguém nos procurava a menos que um negócio estivesse com problemas – a receita de uma propriedade não era suficiente para pagar o empréstimo. Colocaríamos capital suficiente para realizar o negócio e, desde que pudéssemos torná-lo um empréstimo performado, mesmo com uma taxa de juros reduzida, o credor ainda poderia carregar o empréstimo pelo valor de face. Eles evitam uma baixa; nós obtemos a propriedade”, diz Sam Zell.

Zell plantou as sementes para sua dominância no final de 1990 no mercado imobiliário comercial dos EUA, sua estratégia fez com que se tornasse o maior proprietário de escritórios, apartamentos e casas móveis do país.

Investimentos no Brasil

Sam Zell não limitou seus investimentos apenas para mercados consolidados e economias de “primeiro mundo”.

O investidor gostava de investir em mercados emergentes, como Colômbia, México e Brasil com o intuito de surfar em ondas de crescimento que só existem em países em desenvolvimento econômico.

 No início dos anos 2000, a EGI foi uma das principais investidoras da BRMalls.

Além disso, em 2011 Sam Zell surpreendeu o mercado, comprando uma empresa de armazenamento de bens, mais conhecido como “guarda-móveis”, a GuardeAqui. A surpresa se deveu a um fato bastante simples, não havia um mercado estruturado de guarda-móveis no Brasil, além de uns poucos galpões espalhados pelas principais capitais.

Estima-se que Zell possua mais de 1 bilhão de dólares investido no Brasil, seja no mercado acionário, seja diretamente em empreendimentos. O empresário acredita que o Brasil possui um grande potencial de crescimento no mercado imobiliário.

O que podemos aprender com Sam Zell?

Sam continua a ser um oportunista profissional em constante evolução com o mundo moderno, todavia seus fundamentos ainda se sustentam e permanecem os mesmos há décadas.

Vejamos algumas das lições que podemos aprender com o grande investidor:

 Esteja atento aos  mercados emergentes

Zell fundou a ramificação Equity International, como foco em trazer a governança corporativa para os mercados emergentes, patrocinando IPOs de três empresas latino-americanas: Tenda, Gafisa e BR Malls.

Dessa forma, o investidor pode encontrar o que mais queria, oportunidades negligenciadas pelo mercado.

“Eu gosto dos mercados sedentos por investidores. Isso gera um ambiente onde os vendedores e parceiros estão dispostos a tudo e se curvando para você”.

A falta de concorrência com outros investidores, da qual ele se beneficiou, ocorre por conta das incertezas habituais desses países, que também apresentam maior potencial de crescimento. Essa capacidade dos emergentes normalmente deriva de booms populacionais e da ascensão das classes médias.

Observe a lei da oferta e demanda 

Para Zell essa é um dos principais termômetros para a análise de investimentos.

O investidor afirma que durante sua trajetória sempre tirou proveito de situações onde os preços estavam descontados por falta de interesse (demanda) dos demais participantes do mercado.

Zell diz que as situações tendem a se reverter a seu favor quando, por falta de investimentos, em relação a sua pouca atratividade percebida pelo mercado em certos negócios, uma escassez de oferta começa a aparecer.

O resultado desse cenário é benéfico para quem sabe acumular ativos negligenciados em negócios perenes nos períodos de baixa. Quando a tendência se inverte, esses negócios, que antes eram negligenciados, podem apresentar bons retornos aos investidores.

“Escute, negócios são fáceis. Se você tem uma queda baixa e uma alta grande, tem que investir. Se você tem uma queda grande e uma alta pequena, corra”.

Não seja influenciado pelo mercado 

Zell afirma que os investidores não podem se deixar levar pelo consenso dos mercados, que ele classifica como a principal causa dos excessos de preço em tempos de pessimismo ou otimismo generalizado.

Isso acontece pelo fato de que, quando muitos players têm o mesmo viés, os preços tendem a se deslocar de maneira exagerada para determinado lado, conhecido como o famoso efeito manada. 

Para Sam saber que a opinião da maioria é importante, todavia não se pode aderi-la sem ao menos ter fundamentos racionais para tal. 

Caso a opinião do mercado seja semelhante à sua, talvez seja o momento de  analisar potenciais alocações de capital promissoras.

Veja também: Psicologia financeira: como as emoções afetam seu desempenho

Entenda a natureza do negócio

Essa dica representa o que muitos outros grandes investidores, como Warren Buffett e Peter Lynch defendem. 

Veja também: O jeito Peter Lynch de investir

Saber exatamente como ocorrem as distorções favoráveis nos preços do mercado financeiro só é possível caso você saiba como as coisas funcionam. Desse modo é possível mitigar os erros e se aproveitar das oportunidades oferecidas, como a euforia em excesso,  menos capital disponível pelos outros investidores e saturação de concorrência.

É preciso saber perder, antes de aprender a ganhar 

Zell possui uma margem de segurança bastante estruturada em seus negócios, visando a um limite para suas perdas, que ficam, no máximo, no valor da possível venda do patrimônio dos ativos em que investe.

Dessa maneira, comprando ativos negligenciados e abaixo de seu valor de liquidação, a Equity Group fica menos exposta a prejuízos significativos ou totais.

Em outras palavras, mesmo que o pior cenário aconteça, o valor a ser recuperado é o mesmo ou muito próximo ao que foi alocado, configurando uma assimetria positiva para retornos.

“As pessoas amam focar no upside. É aí onde a diversão está. O que me deixa atônito é quão superficialmente elas consideram o downside”, comentou Zell sobre o que considera um problema de comportamento das pessoas em geral.

Conclusão

Sam Zell é um investidor global, oportunista e muitas vezes contrário às opiniões do mercado em geral. 

Sua especialidade em identificar anomalias de mercado e tendências emergentes, com um longo histórico de recuperação de empresas e ativos problemáticos, fez com que o investidor expandisse seu patrimônio e sua fama. 

Em suma, entender um pouco mais sobre as estratégias utilizadas por ele, podem lhe ajudar na sua jornada como investidor.

Veja também: Multiplicando o seu capital por 10x

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