O Comitê de Política Monetária (Copom), que pertence ao Banco Central, divulgou nesta quarta-feira (17), a alta da taxa básica de juros em 0,75 ponto porcentual. Com essa alta, a taxa Selic passa de 2,00% para 2,75% ao ano.
O mercado financeiro, através de diversos especialistas, tinham um consenso na expectativa de que haveria sim uma alta dos juros, mas o valor colocado pela decisão do Copom nesta quarta-feira acabou surpreendendo.
Apesar de variar entre alguns especialistas, a ideia central é que a Selic subirá cerca de 0,5 pontos percentuais, de modo que chegasse a 2,5% ao ano. Desse modo, essa nova alta acabou surpreendendo a maioria e ficando acima das expectativas do mercado.
Vale lembrar que é a primeira vez em 6 anos que a Selic sobe, após quedas contínuas que fizeram a taxa básica de juros no Brasil atingir os 2% ao ano, o menor patamar da história da economia brasileira, alcançado em agosto de 2020.
Até ontem (17) antes da reunião do Copom, se vivia um retrospecto contínuo de quedas na Selic, de modo que foram 9 vezes consecutivas que isso ocorreu. A Selic nunca antes foi 2,75% ao ano. De maio para junho de 2020, ela passou de 3,00% para 2,25%.
O que levou a Selic a subir para 2,75%?
Importante lembrar que a Selic é o instrumento do Banco Central para acompanhar a meta de inflação colocada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta é que até o final de 2021 a inflação seja de 3,75%. A variação tolerante desse valor é de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos dessa meta.
O Banco Central informou em comunicado que: “Na avaliação do Comitê, uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos”.
Importante que vivemos um momento em que a economia está a passos lentos em direção de uma recuperação diante de uma das maiores recessões que o país já teve em sua história.
Desse modo, a questão ligada à baixa dos juros está diretamente relacionada ao fato de que foi uma tentativa de que a economia crescesse, em meio ao fato de que o estímulo em meio a estagnação econômica fosse necessária nesse momento.
Porém, há um contraponto que é a disparada do dólar a patamares que estão entre os maiores da história, além de uma inflação que caminha a passos largos de um aumento além do que estava sendo previsto.
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Quando esse cenário acontece, a recomendação é de que se os juros também cresçam, já que historicamente, nos últimos anos, adotou-se uma política em que os juros acompanham os índices inflacionários. Mas nos últimos meses, a alta da inflação não ficou condizente com uma taxa de juros tão baixa como se continuava até então em 2% ao ano (Selic).
Vale lembrar que muitos economistas já falam de um período no Brasil de um cenário conhecido pelo termo estagflação, que é quando ocorre um baixo e lento crescimento econômico, mas os preços continuam subindo e ficando mais caros ao consumidor.
O fato é que o Brasil paga um preço muito alto em diminuir tanto a sua taxa de juros ao menor patamar da história e ainda por cima segurá-lo no mesmo patamar mesmo com uma alta tão intensa na inflação.
O Brasil não poderia se dar ao luxo de adotar políticas parecidas ao que o Banco Central americano, o FED, faz nas questões monetárias dos EUA. Somos uma economia ainda emergente, uma moeda que não é totalmente conversível e com um fluxo de capital que não é totalmente livre.
Vale ressaltar que com a permanência dos juros num patamar extremamente baixo, o capital de investidores estrangeiros acabou saindo do país. Embora isso diminuísse o capital especulativo, acabou também trazendo um problema.
O problema é que temos agora um câmbio extremamente volátil e uma grande dificuldade de estabilidade na moeda brasileira, aumentando essa necessidade de que os juros aumentem não só agora, mas que apresenta uma tendência e necessidade de continuar crescendo ao longo dos próximos meses.