Percepção de risco para economia aumentando, é hora de voltar para renda fixa?

Há alguns dias o medo tomou conta da bolsa nacional e desde o mês passado, a bolsa já acumula uma queda maior que 6%, resultado de muitas preocupações envolvendo a economia do país. Sendo o desespero ampliado nos últimos dias. 

Juros subindo, dólar também, e a percepção de que as coisas estão piorando está aumentando entre os investidores. Muitos já se questionam sobre um aumento nos aportes em renda fixa. 

Dessa forma, vamos avaliar no artigo de hoje, o que está acontecendo com a nossa economia e quais os motivos que têm trazido tantas preocupações para os investidores. Será que é hora mesmo de cautela? De buscar algum tipo de proteção ou investimentos mais conservadores?

Elevação da taxa de Juros e menor apetite ao risco

Economia

Já tem um tempo que o Bacen através de seu comitê de política monetária (COPOM) começou a subir juros no país. Contudo, a resposta do mercado, mostra que o remédio chegou um pouquinho atrasado, os juros reais no país tiveram forte alta recentemente. 

Isso reflete também uma maior incerteza do mercado em relação ao risco Brasil. O que basicamente o mercado está vendo, é uma deterioração no cenário fiscal, que pode ou não de fato acontecer, o que traz de fato preocupações para com a economia do país.  

Além disso, investidores estão bastante assustados com a possibilidade dos Estados Unidos reduzirem os estímulos monetários ainda em 2021. Em outras palavras, o FED já deixou claro que deve parar com a recompra de títulos ainda esse ano, o que deve resultar em aumento de juros por lá.

Veja também: As consequências da alta dos juros no mundo

O contrato de CDS Brasil

O CDS Brasil que é um derivativo emitido por uma seguradora, funciona como uma garantia para operações de crédito. Em outras palavras caso o país deixe de honrar seus compromissos, aqueles que possuem esse contrato derivativo, estão assegurados.

Nesse sentido, o risco país medido pelo CDS, está em um patamar abaixo da média dos últimos anos, e não acompanha o recente movimento global de maior aversão a riscos. Isso ocorre, pois, a dívida externa atualmente está em um patamar baixo e as reservas de liquidez continuam elevadas. 

O que não ocorre, por exemplo, em outros países emergentes, onde o CDS demonstra que a aversão a risco em níveis globais está crescendo. Dessa forma, medidas fiscais e monetárias implementas pelos mais diversos governos, com forte injeção de liquidez e a expectativa de recuperação, no pós pandemia, resultaram em uma redução rápida nas medidas do CDS. 

O Juro Neutro e a sua importância para o momento

Já falamos aqui sobre o que é e a importância do juro neutro para economia, esse debate começou após a necessidade do Bacen em alterar sua forma de conduzir a política monetária. Com essa reversão da curva, o debate sobre qual patamar de juro ideal para a economia voltou à tona. 

Essa taxa possui um cálculo complexo e equivale a dizer que seria a taxa de equilíbrio para oferta e demanda agregada. Sem, contudo, impactar as expectativas de inflação. Além disso, em uma pesquisa recentemente publicada pelo Banco Central, o mercado chegou a conclusão que algo entre 2,5% e 3% seria o ideal. Pois, dessa forma, estaria mais consistente com o potencial crescimento do PIB. 

A evolução da Selic para combater a inflação

Embora estejamos em um momento em que os EUA discutem uma eventual retirada dos estímulos na economia através do FED. As taxas de juros em sua moeda local continuam em patamar negativo. Em outras palavras. A diferença entre os juros local e os negociados em solo americano tem um forte aumento nesse momento. 

Além disso, como mostra o nosso histórico recente com baixo crescimento, os juros altos no país desestimulam a economia. Com isso, embarreiram investimentos, encarecem o crédito e favorecem a alocações de capital de forma passiva. 

Nesse sentido, por exemplo, já se tem contratos de títulos públicos negociando taxas próximas a 10% ao ano para 2026, algo que até pouco tempo era tido como pouco provável de ocorrer pelo mercado. 

Dessa forma, com juros altos e um potencial de PIB mais baixo, o impacto na dívida pública com esses aumentos também dificulta a questão do ajuste fiscal. O que sem dúvidas, tem pesado bastante na percepção do investidor. Que tem repensado seus investimentos em renda variável, considerando esse cenário. 

Veja também: Inflação em alta em 2021: quais as causas e efeitos na economia?

E a renda variável continua interessante?

Com a piora da percepção de risco Brasil, como vimos, ligado a fatores como a incerteza política e o risco fiscal. Os juros futuros têm aumentado substancialmente. Com isso, esse aumento atinge o mercado de ações de forma generalizada. 

O custo de oportunidade muda, e os títulos de renda fixa tornam-se bastante interessantes nesse cenário. Contudo, como também já discutimos aqui. Existem riscos atrelados à renda fixa como uma continuidade na alta das expectativas de inflação, por exemplo. Além do cenário macro que pode continuar impactando na alta de juros. 

Dessa forma, é interessante que se tenha um cuidado mais elevado ao escolher ações de boas empresas. Dado que, com o aumento da taxa livre de risco, é preciso que essa relação risco x retorno na bolsa, se mostre bem interessante. 

Conclusão

Para muitos a bolsa está em patamares baixos, quando consideramos a relação preço/lucro das empresas. Contudo, o momento é de cautela, risco político pela frente, com uma eleição que promete ser bastante conturbada e trazer riscos para a economia

Risco fiscal pela frente, com um governo que está disposto a ampliar os gastos para buscar a reeleição. Além de todo o drama que permanece por conta das possíveis variantes do coronavírus. 

Com tanta incerteza no radar, o mercado fica assustado. Portanto, é um momento de investir com bastante cautela, priorizando aportes em boas empresas. Buscando assim, resultados no médio e longo prazo. 

Por fim, não se esqueça da velha dica do Sr Buffet. Busque a diversificação, horizonte de longo prazo e principalmente, procure boas empresas a preços baixos. Dessa forma, você investidor não ficará tão temeroso com as mudanças que ocorrem no cenário macro. 

Veja também: Juro Neutro: Entenda o que é e como funciona

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