O Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central, voltou a se reunir ontem (8) e decidiu pelo aumento da taxa Selic para 9,25% ao ano. Esse aumento era esperado pelo mercado quase que como um todo, mas havia dúvidas se o ciclo de alta se manteria.
Dessa forma, essa ação do Banco Central, é uma tentativa de frear o aumento da inflação, que no momento já se encontra em 10,67% para os últimos 12 meses. Ou seja, ainda que com uma taxa de 9,25% para Selic, a rentabilidade real permanece negativa.
Com isso, nesse artigo iremos discutir as implicações dessa mudança na taxa básica de juros e a expectativa para as próximas reuniões.
Além disso, será discutido o impacto nos investimentos causados por esse aumento, inclusive na poupança que passa a remunerar conforme a regra antiga.
Consumo mais caro provoca aumento da Selic
A escalada nos preços dos combustíveis, alimentos e energia elétrica trouxeram a inflação acumulada para mais de 10%. Um resultado muito superior à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Nesse sentido, como entidade responsável por colocar a inflação dentro da meta, o Banco Central vem seguidamente aumentando a taxa Selic. Com as taxas de juros mais altas, a ideia é que o consumo desacelere, o que pode colocar a inflação em patamares mais baixos.
Outro fator que tem interferido nos preços, é o ciclo de alta das commodities que o mundo está vivenciando. Isso encarece o consumo como um todo, tanto no território brasileiro como no mundo.
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Impacto para os investidores
Esse impacto é notório e já vem sendo sentido. À medida que as taxas de juros aumentam, torna-se menos interessante tomar risco em renda variável, o que provoca uma migração de muitos investidores para renda fixa.
Além disso, para aqueles que buscam empreender, o custo do capital se torna mais alto, o que pode diminuir o interesse dos investidores em abrir companhias ou mesmo buscar alocar capital para crescimento de suas empresas.
Para aqueles que buscam uma forma interessante para rentabilizar sua carteira com baixo risco, de fato, títulos atrelados ao CDI parecem interessantes em um primeiro momento.
Contudo, se avaliarmos que a taxa de inflação é maior ainda, continuamos com uma rentabilidade real negativa, indicando o rumo ruim da economia.
Expectativas da Selic para o ano que vem
Há um misto de expectativas entre os analistas, ainda que o aumento na Selic fosse completamente esperado. A comunicação posterior ao aumento no sentido de se continuar os aumentos pegou o mercado de surpresa.
Nesse sentido, embora o mercado tenha negociado recentemente valores mais baixos para os contratos de juros futuros. Talvez com esse choque envolvendo o comunicado do Bacen mude novamente a direção dos juros, isso significa uma continuidade no ciclo de alta.
É claro, tudo vai depender de questões fundamentais, como o fiscal e as expectativas de inflação. Caso o fiscal não saia do controle, e o movimento inflacionário dê uma aliviada, o próximo aumenta da Selic pode ser o último do ciclo de altas.
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Aumento da Selic faz poupança voltar a render pela regra antiga
Pela regra atual, a poupança estaria pagando 70% do rendimento da taxa Selic, somada a taxa referencial, que há muito tempo está zerada. Contudo, com esse novo aumento promovido pelo Copom (Comitê de Política Monetária) as coisas mudam.
Com a Selic acima dos 8,5%, os depósitos realizados na poupança, passam a ter um rendimento fixo de 0,5% ou 6,17% ao ano, somados também à TR. O impacto é sem dúvidas negativo para aqueles que possuem o dinheiro guardado na caderneta.
O motivo é que que esse limite provoca ainda menos rentabilidade, à medida que os juros continuam aumentando no cenário local para controlar a inflação.
O tom duro se destaca como sendo uma surpresa
De fato, como dito anteriormente. Já era esperado um aumento percentual de 1.5% na Selic. Contudo, o que o mercado não esperava era o comunicado duro, reforçando as preocupações do comitê com a inflação.
Esse foi o sétimo aumento seguido, após o Bacen chegar à mínima histórica de (2%). Nesse sentido, essa sinalização de que o juro ficará em patamar contracionista pode assustar um pouco.
Contudo, tem muita água para rolar ainda, é importante estar atento a ata que será divulgada na semana que vem para se entender melhor a dureza do posicionamento da autoridade monetária.
Na outra ponta, Campos Neto, atual Presidente do Banco Central, afirmou no final de novembro que o auge da inflação pode já ter chegado, e que em 2022 viveríamos um momento conhecido como estagnação ou “estagflação”.
Campos disse isso ao participar de uma reunião virtual com empresas do mercado imobiliário, com a participação do Sindicato da Habitação de São Paulo.
O próprio Bacen já havia cogitado que o auge da inflação seria esse ano (2021). Nesse sentido, é preciso acompanhar de fato a inflação realizada nos próximos meses. O cenário sem dúvidas permanece incerto.
Conclusão
O país passa sem dúvidas por um momento conturbado. O aumento na taxa Selic é um remédio forte para um problema grave, que é a inflação.
Nesse sentido, o comitê deu a entender para os agentes de mercado que está de fato preocupado com o aumento nas expectativas da inflação para 2022 realizando novos aumentos se necessário;
O Comitê inclusive acrescentou o seguinte em seu comunicado: “…perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. Ou seja, é nítido como o aumento dessas expectativas inflacionárias incomoda o comitê.
Por fim, é importante ressaltar que tudo está muito confuso no cenário político, o que pode significar uma mudança na direção das taxas muito em breve.
Contudo, é claro, a melhor forma de monitorar as taxas e as possibilidades de investimento em renda fixa, é monitorar a inflação. É importante entender o cenário da economia para realizar o melhor tipo de investimento para o momento.