Greve dos caminhoneiros 2021: Veja o que se sabe até agora. Vai ocorrer?

A greve dos caminhoneiros que está prevista para início em fevereiro tem ganhado novas discussões e capítulos desde então, que colocam em dúvida sobre o patamar que ela pode atingir caso ela realmente ocorra. Mas o que sabemos sobre a greve dos caminhoneiros até agora?

Os rumores sobre uma nova greve dos caminhoneiros no Brasil começaram a ganhar ainda mais força em meados do mês de dezembro do ano passado. Desde então, estimava-se que a ocorrência dessa nova greve poderia ser ainda maior do que a que aconteceu em 2018.

A indignação dos caminhoneiros tem crescido muito entre os trabalhadores da categoria, que por sua vez, estão reivindicando medidas do governo federal para com algumas questões pontuais, entre elas, o preço do diesel.

Entretanto, não é de agora que essas insatisfações da classe dos caminhoneiros tem surgido, já que diversas promessas governamentais de mudanças não foram cumpridas, desde o período dos protestos em 2018.

O que os caminhoneiros estão reivindicando?

Como dissemos, a redução do preço do diesel se encontra entre as principais reivindicações dos caminhoneiros ao governo federal, mas essa luta acabou se intensificando ainda mais à medida que ocorreu um aumento de 4,4% no preço médio do diesel nas refinarias nesta última terça-feira (26).

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Nesse mesmo dia em que ocorreu o aumento do diesel, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), que é filiada à CUT, anunciou que daria seu apoio ao movimento da greve dos caminhoneiros.

Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que contou com a entrevista de mais de 1000 profissionais do setor, as maiores reivindicações para basear a ocorrência da greve dos caminhoneiros, além do diesel, estão relacionadas à segurança deles nas estradas.

O resultado dessa pesquisa, referente ao que os caminhoneiros mais estão reivindicando pode ser melhor explicada pelos dados a seguir:

  • Redução no preço dos combustíveis: 51,3%.
  • Mais segurança nas vias: 38,3%. 
  • Financiamentos para a compra de veículos com juros menores: 27,4%.
  • Aumentar o valor do frete: 26,2%.
  • Melhorar o conforto e estrutura dos pontos de parada: 18,7%.
  • Melhorar condições de rodovias: 15,5%.
  • Diminuir o custo dos pedágios: 12,5%.

Bruno Batista, que é diretor da CNT, comentou sobre a questão do aumento do preço do diesel como sendo uma das principais insatisfações para a ocorrência da greve dos caminhoneiros e lembra a greve que aconteceu em 2018.

Ele diz que “Em 2018, esses profissionais foram duramente prejudicados pela política da Petrobras de reajustes quase que diários no preço do diesel. Isso afetou muito os caminhoneiros.”

A greve dos caminhoneiros deve ocorrer ou não?

Após todas essas reivindicações, que só têm aumentado os rumores sobre a ocorrência dessa greve no mês de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro apela para que os caminhoneiros não realizem a greve.

Sobre isso, Bolsonaro disse: “Estamos buscando alternativas, reconhecemos o valor do caminheiro para economia do Brasil, apelamos para eles que não façam greve porque todos nós vamos perder, sem exceção. Agora a solução não é fácil”.

Após a declaração de Bolsonaro, ficou-se uma expectativa a respeito de qual seria a resposta que os representantes dos caminhoneiros iriam realizar frente a esse apelo. 

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Wallace Landim, que é presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), afirmou que “Nesse momento esse apelo não nos convence. Quem está fazendo apelo desde 2018 somos nós”.

“Queremos que ele chame o ministro Tarcisio Freitas, da Infraestrutura, o pessoal da Agência Nacional de Transporte Terrestre e coloque fiscalização para garantir as nossas conquistas legais, como o piso mínimo do frete, a isenção do pedágio para o caminhoneiro contratado e outros itens”, completou Wallace Landim, conhecido como Chorão.

Bolsonaro acaba cedendo a algumas reivindicações dos caminhoneiros frente à essa pressão, de modo que está buscando formas de reduzir o PIS/Cofins para a diminuição do preço do diesel, mas não é algo tão simples, uma vez que a cada centavo que se reduz nisso, cerca de R$800 milhões precisam ser obtidos em outro lugar para fechar o buraco nas contas do governo.

A situação da greve dos caminhoneiros ficou ainda mais tensa quando cerca de 300 caminhoneiros do setor frigorífico foram para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de João Dória, para protestar nesta última quarta-feira (27) contra o aumento do imposto ICMS sobre produtos alimentícios como carne, leite e derivados.

Sobre a questão se essa greve dos caminhoneiros deve ocorrer ou não, o fato é que os trabalhadores do setor têm se mobilizado nas redes sociais dizendo que vão estar presentes no dia 1º de fevereiro para a paralisação.

A CNTRC colocou vários vídeos em seu Twitter sobre o apoio de caminhoneiros à greve nesta última quinta-feira (28), e reiterou que a greve vai começar no dia 1º de fevereiro, mesmo após o apelo de Bolsonaro para que não ocorresse.

Tudo indica que ela vai sim ocorrer, mas o desenvolvimento disso pode ter alterações conforme ocorre a possibilidade de novas ações do governo federal até lá, que deseja que os caminhoneiros repensem para que a greve não aconteça, já que teria um impacto ainda maior ao país em tempos de pandemia e no cenário de crise econômica que vivemos no Brasil.

O preço do diesel está aumentando?

O diesel fechou o ano de  2020 no preço de R$3,930 por volta do dia 31 de dezembro, o último dia do ano. A média por litro de diesel registrada no começo de 2021 condiz com esse valor, ficando muito próximo a ele, no patamar dos R$3,929, segundo dados do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), que tem 1 milhão de carros administrados pela empresa, o que torna a pesquisa com uma maior confiabilidade.

Comparando esse valor com o mês de dezembro, o preço do combustível teve alta de 2,29%, considerando-se o período das primeiras semanas de 2021. Se considerarmos os primeiros 15 dias de janeiro, esse crescimento chega a ser ainda maior, de 2,72%.

No período compreendido entre fevereiro e dezembro do ano passado, o valor por litro de diesel chegou a ter uma média de preços menor do que a vista no último dia do ano. Vale ressaltar, porém, que se compararmos o preço do diesel atual com o período pré-pandemia, principalmente no mês de janeiro de 2020, vemos que o diesel estava com uma cotação média 1,14% mais alta, chegando ao patamar dos R$3,974.

Vale ressaltar que tanto o diesel S-10 como também o diesel comum estão tendo altas consideráveis em qualquer região do país. Em especial, esse aumento com relação ao mês de dezembro no diesel S-10 foi visto de forma mais relevante na região Sudeste, cuja alta foi de 2,45%.

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A média de preços do diesel comum pelo Brasil comercializados atualmente é 2,87% maior do que o valor registrado em dezembro, que por sua vez, já tinha um valor recorde no cenário nacional. 

Levando em conta a alta do diesel pelos diferentes estados brasileiros, o aumento em Roraima nesse primeiro mês de 2021 foi o maior no comparativo com o mês de dezembro de 2020 entre estados, registrando um crescimento no preço do diesel de 4,95%.

Em relação aos preços mais altos que se pode encontrar para o diesel no Brasil atualmente, o vencedor entre os estados ficou com o Acre, que registrou para o diesel S10 um valor médio de R$4,703 em janeiro, enquanto o valor médio para o diesel comum no estado é de R$4,736 no mesmo mês.

A maior reivindicação dos caminhoneiros que gerou aumento na possibilidade de ocorrer uma greve está justamente na alta dos preços do diesel, mas eles já estavam insatisfeitos com o preço antes mesmo dos ajustes que aconteceram conforme se aproximava o final de 2020.

Os dados do Índice de Preços Ticket Log (IPTL) na atualidade, acabam colaborando para fomentar ainda mais a insatisfação dos caminheiros com o preço do diesel, e com isso, reivindicam uma intervenção do governo federal em medidas que possam atenuar esses valores.

O que esperar de uma possível greve dos caminheiros em 2021?

Vale lembrar antes de tudo, que além de todas essas medidas que os caminhoneiros pedem ao governo federal, surge uma questão extra no momento atual. Estamos vivendo uma das maiores crises sanitárias da história do país e também do mundo e que acaba influenciando em todas as demais áreas do país, inclusive a econômica e política.

Nesse sentido, os caminhoneiros e seus líderes pediram que fossem considerados na fila prioritária para o plano de vacinação contra a Covid-19 que foi iniciada pelo governo há alguns dias, devido a importância e dependência do Brasil do trabalho da categoria e o contato com diversos comerciantes todos os dias nas diferentes regiões do Brasil que os caminhoneiros estão inseridos.

Esse pedido foi o primeiro pelo qual o presidente Jair Bolsonaro acabou cedendo aos caminhoneiros, no qual já foram incluídos na categoria que conta também com indígenas, idosos e profissionais da saúde. Desse modo, receberiam junto com esses grupos a vacina contra a covid-19. 

Outra medida realizada pelo presidente, e que ocorreu através de uma decisão do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior, foi suspender os 16% que seriam cobrados de impostos para importar pneus.

As discussões a respeito dessas medidas estão sendo pautadas entre os líderes do movimento, que ainda desejam que outras coisas sejam mudadas, como já expomos durante todo esse artigo.

A Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) já havia previsto ainda em meados de dezembro de 2020, que se havia a possibilidade de que a greve dos caminhoneiros de 2021 deve tomar proporções parecidas, se não maiores, com o mesmo evento ocorrido em 2018.

José Roberto Stringasci que integra o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e é representante da ANBT, afirmou em uma entrevista ao SBT News que “Estamos nos mobilizando em nível Brasil sim, para fazer a paralisação”, quando se referia a articulação dos trabalhadores para dar início a greve dos caminhoneiros.

Ele ainda complementou com uma fala importante sobre sua perspectiva dessa possível greve de 2021, dizendo que “Acredito que seja igual à paralisação de 2018 ou maior”, quando lembrou do evento que paralisou o país por 10 dias, e que se iniciou no dia 21 de maio de 2018.

O Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), que compõe-se por 22 entidades diferentes, apresenta mais de 40 mil caminhoneiros ligados a esse conselho espalhados por São Paulo. Desse modo, as afirmações de José Roberto Stringasci têm um grande peso sob a ótica do que os caminhoneiros estão pretendendo, assim como a forma com que estão se organizando para qualquer paralisação futura.

Conclusão

Mesmo com os trabalhadores da categoria insistindo sobre o fato de que vão sim começar a greve dos caminhoneiros neste próximo dia 1º por um prazo indeterminado, vale ficar atento ao desenvolvimento das ações do governo federal, que deve fazer o máximo possível para que o momento atual de caos com a pandemia não seja ainda mais intensificado com uma possível greve.

O que fica claro, é que os caminhoneiros estão dispostos a conversar sobre essa possibilidade, entretanto, não devem aceitar qualquer coisa simples nesse momento para desistirem de que a greve ocorra, uma vez que estão cada vez mais engajados no movimento, que conta cada dia mais com um número maior de participantes, assim como apoio de organizações importantes do país.

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