Educação financeira para crianças ainda é uma questão muito pouco falada no Brasil. Vivemos em um país em que 40% dos adultos têm algum tipo de dívida, por isso, estamos longe de ser o exemplo que a nova geração precisa para aprender sobre dinheiro.
Reuni neste texto, um pouco do contexto que vivemos e também dicas de especialistas sobre como abordar o assunto.
Educação financeira para crianças no Brasil
Até este ano, quem teve aulas de educação financeira na escola foi privilegiado. Só a partir de dezembro é que todas as instituições brasileiras deverão, obrigatoriamente, abordar o assunto. Ou seja, a criança que não frequenta uma ótima escola ou que não recebeu orientação dos pais e criadores, não sabe muito bem o que é o dinheiro e como lidar com ele.
A nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), determina que, no ensino fundamental, dentro dos estudos de matemática, sejam considerados “conceitos básicos de economia e finanças, visando à educação financeira dos alunos”. Idealmente, serão abordados taxas de juros, inflação, investimentos e impostos, dando início a educação financeira para crianças.
Além disso, podem ser desenvolvidos trabalhos interdisciplinares. Unida a história, a matemática pode tratar do dinheiro e seu papel na sociedade, sua relação com o tempo e estratégias. Você pode conferir a BNCC completa aqui para ficar ciente do que as crianças devem aprender na escola quando voltarem de férias no ano que vem.
Mas e você, o que já pode fazer?
Segundo a escritora do livro “Make your kid a money Genius“, Beth Kobliner, o ‘não’ pode ser o principal começo de uma educação financeira.
Em tradução literal, o título de seu livro significa: “Torne o seu filho um gênio do dinheiro” e explica um pouco sobre como fazer isso. Elenquei alguns dos pontos principais tratados por ela, em sua entrevista focada em educação financeira para crianças para o PBS NewHour, telejornal estadunidense.
1 – Diga não
Quando você fala sim sempre, em um supermercado, por exemplo, você cria a ilusão de que a criança pode ter tudo o que quiser. Isso, pode criar uma realidade em que a criança pensará que não precisa trabalhar para conseguir o que quer.
2 – Explicar de onde vem o dinheiro
Pagamentos digitais e via cartão são cada vez mais comuns, por isso, as crianças não vêm mais o dinheiro e têm a sensação de que pagar pelas coisas é muito fácil e rápido.
Na entrevista, Kobliner sugere de levar a criança para o seu trabalho durante um dia, para explicar para ela o que você faz durante todo o tempo que está ocupado ou ausente de casa. Assim, podem ver o esforço diário que necessário para receber o dinheiro e perceber uma das relações mais importantes da moeda, a com o trabalho. Este, é ponto fundamental para a educação financeira das crianças.
3 – Dar a eles dinheiro físico
Beth defende que a partir de 3 anos de idade, as crianças já entendem conceitos financeiros básicos, como troco, escolhas e o valor das coisas. Dar a eles dinheiro físico, pode ajudar na sensação de quantidade e consciência no momento de gastar aqueles papéis ou moedas.
Além da autora, também peguei como referência uma lista de 7 passos de educação financeira publicados no InfoMoney para completar a lista de itens que já podemos começar a trabalhar em casa.
4 – Inclua as crianças nos planejamentos
Seja na lista de supermercado ou no planejamento de uma viagem, chame as crianças para participar, podendo aprender sobre metas, escolhas e o ato de poupar. Coloque-as para tomar decisões, decidir qual item é mais importante da lista de compras na semana. Por exemplo, faça trocarem um item da lista do lanche da manhã por um mais barato e com mesmo valor nutricional. Pensando nas férias, peça escolher um dos passeios no destino da viagem de final de ano e fazer o orçamento completo desse dia, com transporte, entradas e alimentação.
5 – Dê uma semanada
Para as crianças menores, uma mesada pode ser muito para administrar. Entregar uma semanada para elas, com o objetivo de ser gasta com lanches na escola ou outros materiais, ensina aos pequenos a administrarem seu dinheiro. Se ele acabar antes, não reponha até a próxima semana.
Por mais que as escolas ainda não tratem o assunto adequadamente, é sempre papel do criador pensar no futuro da criança. Mas, se você também não sabe muito sobre o assunto, fique tranquilo, você pode ir aprendendo junto com eles. Nunca é tarde para saber mais.
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