A economia mundial já dava sinais de fim de ciclo de crescimento quando o Coronavírus chegou para catalisar todo o processo e dar um sinal claro: o mundo entrará em contração econômica. Isso pegou muitos investidores de surpresa, até pelo fato de ser um evento cisne negro: imprevisível, impactante e raro.
O mercado de ações, que estava na máxima histórica, viu seus ganhos dos últimos 4 anos derreterem em uma questão de semanas. Muitos investidores estão com 40, 50% de prejuízo na sua carteira de ações. Alguns poucos conseguiram apostar contra o mercado e faturar mais de US$ 300 bilhões.
Agora que o cenário está montado, o que fazer? Ontem (26/03/2020), a equipe da Nox Bitcoin fez uma live para discutir exatamente sobre esses pontos. É possível vê-la na íntegra abaixo:
Entenda o momento atual
Antes de sair em busca de oportunidades, o primeiro passo é entender sua situação e se você pode se permitir investir ou especular. Não adianta querer entrar na bolsa e utilizar todo seu dinheiro para comprar todas as ações que se vê pela frente se você não sabe se terá renda daqui a 3 meses.
O Coronavírus deve trazer consequências gravíssimas para a economia. Tudo aquilo que estávamos acostumados deverá mudar, afinal, o cenário é completamente novo e sugere uma crise econômica e alto desemprego, o que não era imaginável cerca de 3 meses atrás. É preciso estar ciente dessa situação.
A economia brasileira deverá ter uma contração de 5,5% neste ano. Alguns institutos de pesquisa estão prevendo o desemprego chegar aos 40 milhões de pessoas. É importante notar que ainda não nos recuperamos da última crise econômica entre nos anos de 2014 e 2016. O governo está ciente do impacto e está aprovando uma série de medidas para amenizá-lo.
Agora, não se sabe se os números chegarão a tanto. Nessas horas, também tendemos a exagerar nas notícias negativas. Mas um fato é que o Coronavírus aumenta ainda mais o desafio para a economia brasileira.
Pode ser que a gente saia dessa crise com menos danos que o previsto, mas no futuro, o preço será alto diante do pesado corte atual de gastos que será necessário. As lembranças da Década Dourada (segunda metade da década de 2000 até o final), serão cada vez mais um sonho distante.
As contas públicas do governo vão piorar. Isso significa menos espaço para programas sociais, obras, subsídios e outros incentivos, tão presentes no passado.
Forme uma reserva de emergência antes de investir na crise
Se você é assalariado ou empresário, entenda a situação do seu trabalho e como sua renda poderá flutuar nos próximos meses. O momento atual é de construção de reserva, corte de gastos e optar pela liquidez, pois não se sabe o dia de amanhã. Antes de começar, monte uma reserva que contemple de 6 a 12 meses do seu custo de vida.
Além disso, o momento atual torna quase impossível qualquer prognóstico. Não que o futuro seja certo, afinal, sempre vivemos em um estado de incerteza. O problema é que não existe a possibilidade de fazer qualquer projeção que seja minimamente assertiva por conta do fator Coronavírus.
Portanto, foque em formação de reserva e contenção de gastos supérfluos em um primeiro momento, se você não tiver dinheiro guardado. Não adianta investir se depois você vai precisar resgatar o dinheiro para pagar conta. Quem já conseguiu formar esse fundo emergencial, pode se aventurar em investimentos e buscar oportunidades no mercado.
Invista aos poucos
No entanto, se você entende que já tem uma reserva e que tem uma quantia separada para aproveitar oportunidades, talvez seja a hora de investir aos poucos, comprando ações de empresas sólidas (bons fundamentos) a um bom preço na bolsa, sempre pensando com o horizonte de médio a longo prazo (1 a 5 anos).
Tenha em mente que a renda geral da população deverá diminuir para os próximos anos, além disso, haverá uma restrição de gastos. Isso significa uma economia menos pujante e queda na lucratividade das empresas e, consecutivamente, piora nos fundamentos.
Portanto, não adianta ir com sede ao pote nesse momento. Também é importante evitar usar sua reserva de emergência para fazer essas compras. Não confunda reserva de emergência com caixa para oportunidades. A ideia é usar aquela renda que está realmente sobrando para conseguir investir.
O recomendado é ir montando aos poucos suas posições, comprando ações de forma fracionária e fazendo um preço médio. Se você entrar de uma vez, ficará sem dinheiro para investir na hora que aparecer uma oportunidade, e por isso, a estratégia de preço médio é excelente para mitigar esse risco.
Onde investir na crise?
Parte dessa queda já reflete as expectativas em relação à economia mundial. Os investidores tentam precificar acontecimentos relevantes antes de acontecerem. No entanto, devido às características do vírus, qualquer prognóstico se torna muito difícil. Ainda não é possível saber se será apenas um choque ou se será uma crise duradoura.
Diversas ações na bolsa estão a um preço muito menor do que 3 meses atrás. Algumas ações estão com preço de 2016, começo do ciclo de alta da bolsa brasileira. O Ibovespa, índice de ações de empresas brasileiras, caiu mais de 45% desde o começo da pandemia do Covid-19.
Na Renda Fixa, o Tesouro Nacional está pagando 7,2% ao ano para quem comprar um título pré-fixado com vencimento para daqui a 6 anos. Considerando que a Selic está a 3,75% e com perspectiva de queda no curto prazo, é uma boa opção para colocar uma parte do seu dinheiro.
Também é possível encontrar oportunidades em ativos escassos como Ouro e Bitcoin. Caso a economia entre em um período de choques inflacionários com recessão, ter um ativo escasso pode ser uma boa pedida, porque eles costumam valorizar muito nesses cenários. Por isso, faz total sentido ter de 1 a 10% de sua carteira alocada nesse tipo de ativo.
Por isso, a diversificação é essencial para esse momento, é possível encontrar oportunidades, principalmente em renda fixa e ações. A carteira diversificada diminui seu risco de mercado e permite que você acumule ativos a um bom preço. O momento atual exige busca por reserva financeira, mas quem está confortável encontra muitas oportunidades.