Não é de hoje que as ações de Magazine Luiza ocupam os sonhos de muitos investidores da bolsa de valores. Não há quem não pense na fortuna que teria caso tivesse comprado o papel em seu IPO, em vez de utilizar o dinheiro para algum gasto supérfluo.
Esse vislumbre não é a toa, suas ações já valorizaram mais de 1000% desde seu IPO, juntamente com o valor de mercado da varejista, que está no patamar de R$ 171,9 bilhões.
Contexto
Sempre parece mais fácil olhando no retrovisor, mas a geração de valor de uma das melhores varejista do Brasil não aconteceu do dia para a noite. Para se ter uma ideia, entre abril de 2011 e dezembro de 2015, MGLU3 acumulou uma perda de 93,52%, quase virando pó.
Nas palavras de Frederico Trajano, CEO da Magazine Luiza em 2015, quando a ação era cotada a aproximadamente R$2,00, ele disse: “O nosso plano tem uma visão, transformar a empresa, que hoje é uma empresa de varejo tradicional com uma área digital, em uma empresa digital com pontos físicos.” E assim foi feito, 4 anos após, com a reestruturação do negócio, a ação já era cotada em R$ 190,00.
Através de bons retornos sobre o capital, balanços fortes e uma gestão que soube alocar seu dinheiro de maneira inteligente, os momentos de adversidade se foram e Magazine Luiza cresceu em cima de seus concorrentes, ganhando um espaço no mercado cada vez maior.
Hoje a marca Magalu tornou-se uma das cinco mais valiosas do Brasil, segundo o ranking da Kantar BrandZ. Em um ano, o valor da marca subiu 124%, alcançando 5,1 bilhões de dólares e fazendo da Magalu a marca mais valiosa do varejo brasileiro.
O que esperar de hoje?
Com se seu histórico de crescimento já não fosse o suficiente, os resultados do terceiro trimestre de 2020 chegaram, e mesmo durante à pandemia a empresa provou seu poder, através do crescimento do e-commerce em +148,5% na comparação com 3T19, juntamente com as venda totais: +81% em comparação ao mesmo período de 2019 e o lucro líquido ajustado: +69,6% comparado ao 3T19.
Você deve estar imaginando que todo esse resultado magnífico, significou que as ações da varejista atingiram forte alta. Errado. Os papéis do Magalu (MGLU3) sofreram com três quedas consecutivas, fechando o dia de ontem (02/12) com uma tímida melhora, com alta de 0,74%, cotadas a R$ 23,05. Mas afinal, qual a explicação?
O fato é que rentabilidade passada não é garantia de ganhos futuros. E após uma alta acumulada de quase 140% nos últimos 12 meses, o mercado tem dificuldade de enxergar o potencial das ações do Magazine Luiza nos próximos anos, considerando seu histórico e o cenário atual.
Entendemos que esse movimento está diretamente ligado ao otimismo com o desenvolvimento da vacina da Pfizer-Biontech, onde os papéis da varejista caem com a migração do dinheiro dos investidores para ações que sofreram mais com as medidas de isolamento social, como as aéreas por exemplo.
Sabemos que o preço de um ativo no longo prazo acompanha o crescimento da empresa, ou seja, seus lucros. Nesse sentido, o mercado se questiona se os resultados serão recorrentes, tendo em vista que o auxílio emergencial criado pelo governo federal, no intuito de ajudar as famílias no enfrentamento dos impactos do coronavírus, está previsto para acabar em dezembro.
Todavia, olhando para o gráfico, podemos observar que MGLU3 não interrompeu sua tendência de alta desde a pandemia, mesmo com as quedas recentes. O que nos questiona sobre a efetividade do impacto da Covid sobre os negócios da empresa.
O temido múltiplo P/L
O P/L indica quanto o mercado financeiro está disposto a pagar pelos lucros de uma empresa. Em tese, quanto menor o P/L, maior é a comoção do mercado em relação a uma empresa, pois seu potencial de valorização pode estar sendo subestimado pelo mercado.
Olhando o múltiplo P/L atualmente, podemos dizer que Magalu estaria fora do nosso radar. No entanto, devemos ter uma outro ponto de vista, observando a varejista através do seu crescimento, sua governança e sua qualidade de execução. O importante é entender para onde Magalu pretende ir nos próximos anos e o que ela está fazendo agora para chegar lá.
Se uma ação que sobe para 6 reais, pouco tempo depois que você a comprou por 5 reais, não prova seu grau de conhecimento sobre aquele investimento. O grande problema dos investidores da nossa geração é acreditar fielmente no preço, imaginando que o preço é a maior prova de assertividade. O fato é que o preço no curto prazo depende de aspectos não relacionados aos fundamentos da empresa. O que vai provar se você acertou ou errou ao investir em uma ação serão os resultados da mesma no longo prazo. Seria mesmo certo acreditar que há uma enorme distorção entre o preço do papel e seus fundamentos? Vamos aos resultados.
De olho nos resultados
Mesmo que o crescimento venha a desacelerar em 2021, o aumento na frequência de compras e o amadurecimento do número de clientes, mostram-se de forma relevante nos resultados de 3t2020.
Mesmo com a pandemia, a empresa conseguiu “vender igual água” em dia ensolarado, significando um crescimento espetacular em todos os canais de venda, com destaque para as suas lojas físicas, de cerca de 18% na base anual, mesmo com todas as restrições ainda em vigor devido a pandemia e também um avanço de 149% na base anual no e-commerce.
A receita líquida foi de R$ 8,3 bilhões, aumento de 71% na comparação anual. Em termos ajustados, o lucro líquido foi de R$ 216 milhões, 70% a mais na mesma base de comparação.
Enquanto isso, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) totalizou R$ 561,2 milhões, aumento de 41% na comparação anual. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida), por sua vez, teve queda de 8,2% no terceiro trimestre de 2019, para 6,8% neste trimestre, acima do que esperado pelos analistas, que tinham como estimativa 5,9%. Os resultados demonstram uma combinação de crescimento acima da média com geração de caixa excelente.
Além disso, o marketshare aumentou 5,4 pontos percentuais na comparação anual, segundo dados da GFK, um desempenho muito superior ao do mercado.
O futuro a Deus pertence?
O ambiente macroeconômico para o próximo ano ainda deixa muitas dúvidas para muitas empresas, no entanto, a Magalu continua mais baseada na política interna do que no contexto macro.
Prova disso foi a fala do presidente da empresa no início da pandemia, argumentando que poderiam aguentar até dois anos de lojas fechadas, com o caixa que tinham. Além disso, a empresa conta com inúmeras estratégias em curso, como melhora de logística, Parceiros Magalu, MagaluPlay, entre outras.
A Magazine Luiza tem entregado consistentemente os melhores resultados em sua operação online, crescendo continuamente suas vendas brutas totais (GMV), de R$ 12,35 bilhões, 81% a mais que no mesmo período de 2019, em um ritmo sólido e superando as estimativas otimistas.
Reconhecemos o valuation esticado da empresa, mas acreditamos que seus planos de crescimento agressivos e a execução sólida fazem jus as tais estimativas.
A quarentena, usada para diminuir os efeitos da pandemia do coronavírus, trouxe a aceleração de algumas tendências, que ganharam mais força nos últimos tempos, como a do e-commerce, que ainda está engatinhando no Brasil e tem muito potencial para evoluir.
Hoje o imediatismo é o símbolo da nova relação entre empresa e consumidor, a Magazine Luiza já saiu na frente, apostando em ferramentas que integram seus canais on e offline, antevendo o que o cliente deseja antes mesmo de entrar na loja.
O mercado espera que a frequência diminua, no entanto entendemos que o crescimento do e-commerce torna-se essencial, por sua praticidade e melhores preços, fazendo com que as pessoas possam comprar mais online, trazendo maiores margens para que a varejista continue faturando.
Tendo em vista a retomada definitiva do varejo físico após a pandemia, o desempenho operacional na Black Friday, o desempenho das vendas com a retomada da economia, juntamente com uma comunicação rápida e fácil, tanto com seus com consumidores e investidores.
A Magalu continua a ser um oceano azul, com a capacidade de se reinventar muitas vezes ao longo dos anos, onde em muitas ocasiões, o mercado acreditou que seus papéis estavam caros demais.
Não deixe para amanhã para investir em boas empresas. Aja agora, pois o amanhã vai lhe trazer a conta.