Imagina obter uma espécie de “dividendo” mesmo quando as empresas estão performando mal e a maré não está para peixe na bolsa. Com a utilização de uma estratégia que envolve manipulação de opções, isso é possível.
Contudo, é necessário um claro entendimento sobre essa operação, e é justamente sobre isso que iremos falar hoje. O que é essa operação, como podemos montar essa estratégia e por fim, quais são os riscos envolvidos. Permaneça conosco até o final e aprenda uma das formas mais comuns de rentabilizar sua carteira em ciclos de baixa da Bolsa.
O que é o dividendo sintético?
Essa operação é também conhecida no mercado como lançamento coberto de opções. Ou seja, o dividendo sintético é uma estratégia que envolve o lançamento de opções de compra que estejam asseguradas por ações em carteira.
Assim, o investidor que está buscando obter o dividendo sintético, lança opções do tipo call (opção de compra). Obtendo assim um prêmio pago pelo comprador dessa opção que foi lançada por você investidor.
Como funciona o lançamento de call coberta?
Para compreender o funcionamento dessa estratégia, é preciso compreender o funcionamento de uma venda coberta. Nesse sentido, a venda coberta consiste em negociar um derivativo de uma ação que o investidor possui em carteira.
Dessa forma, quando o comprador realiza a compra de opção, ele paga um prêmio ao lançador que se compromete em entregar as ações em caso de exercício. Importante aqui ressaltar, que como dito neste artigo sobre opções, quem compra uma opção possui o direito e não a obrigação de realizar o exercício.
Com isso o prêmio pago pelo comprador pode ser visto como uma forma de dividendo sintético. Dado que vender uma opção com strike (preço de exercício) acima do seu preço médio em carteira. Te dá a possibilidade de continuar com suas ações e ainda embolsar o prêmio.
Exemplo de operação de venda coberta e o risco envolvido
Suponha que o investidor tenha 100 ações da Petrobras em sua carteira a um preço médio de R$ 25. Com isso, a ação está sendo negociada no momento a R$ 28. Além disso, o investidor observa que o mercado está de lado, não acredita em uma alta forte da Petrobras no curto prazo, então decide rentabilizar sua carteira.
Dessa forma, esse investidor pode ir ao mercado e vender 100 opções de compra de Petrobras no strike R$ 30 (Preço de exercício). Assim, recebendo um prêmio de R$ 0,50 centavos pela operação, o que resulta em R$ 50 de dividendo sintético.
Nesse sentido, no pior dos cenários esse investidor terá que entregar suas ações, obtendo lucro até os R$30 mais o prêmio embolsado no momento da operação. Ou seja, na pior das hipóteses o investidor apenas deixa de “lucrar mais”.
Para deixar mais claro ainda, sigo com um exemplo mais didático envolvendo uma operação do dia a dia. Imagina que você anunciou sua bicicleta na olx por R$ 500, um comprador disse que não teria o dinheiro no momento. Contudo lhe pagou R$ 50 de modo a ter o direito de comprar a bicicleta pelos R$ 500 nesse prazo de 30 dias.
Assim, passado os 30 dias, caso o possível comprador não tenha conseguido o dinheiro, ou tenha perdido o interesse em realizar a compra por quaisquer motivos. Você permanece com a sua bicicleta e pode embolsar o prêmio de R$ 50 pago por essa opção.
Ou seja, nesse segundo exemplo, o pior que pode acontecer é você se comprometer com esse preço, e o mercado de bicicletas valorizar bastante durante esse período. Na pior das hipóteses, a sensação que fica, é o prejuízo atribuído à impossibilidade de se ganhar mais.
Veja também: Chinese Wall, entenda o mecanismo que coíbe o Insider Trading
Proteção nas quedas do mercado
Essa operação pode ser vista como uma forma de “Hedgear” suas posições, além de uma boa estratégia para geração de receita. Contudo, como qualquer operação com derivativos, essa estratégia exige um certo nível de conhecimento sobre opções.
Caso contrário pode se tornar uma dor de cabeça para o investidor, colocando-o em uma situação complicada.
Isso ocorre, pois, ao se comprometer com a entrega de seus ativos, você está comprometendo a liquidez da sua carteira. Dado que os ativos são a própria garantia de exercício do contrato. Além disso, outro ponto de importante destaque, é que caso seus ativos tenham uma alta muito interessante, o investidor deixa de surfar esses ganhos.
Portanto, é de fundamental importância estudar bastante antes de começar a colocar em prática tal estratégia. Mesmo sendo uma operação considerada de baixo risco, exige um certo grau de conhecimento. Dado que mal aplicada, pode gerar prejuízos e arrependimentos.
Para que serve o dividendo sintético?
Como vimos, essa operação de venda coberta pode ser bastante útil para gerar receita na sua carteira de ações. Que estão com baixa volatilidade ou que não estão em um bom momento. No entanto, você ainda acredita na empresa para o longo prazo. Ou seja, ações que estejam “ociosas”.
Nesse caso, se você é um investidor de longo prazo e acredita que o preço não está refletindo os resultados como deveria. Essa operação pode ser bastante interessante para você. Visto que o objetivo de se realizar essa estratégia é exatamente esse, gerar receitas no curto e médio prazo com ações que fazem parte da carteira.
Conclusão
Como vimos, o dividendo sintético ou lançamento coberto, é uma estratégia bastante válida para o investidor que deseja rentabilizar sua carteira. Principalmente em momentos onde o mercado não está performando como o investidor gostaria.
Dessa forma, ficou claro que as vantagens em se realizar essa operação são atrativas. Baixo custo, proteção de perdas, quando as ações estão em tendência de queda. Além da possibilidade de repetir essa operação nos meses seguintes.
Por fim, é importante ressaltar a necessidade de conhecimento mais aprofundado sobre o mercado de opções. Ainda que pareça uma operação relativamente simples. O mercado de opções é complexo e exige dedicação.
Portanto, caso tenha se interessado no assunto, não deixe de estudar mais sobre esse tipo de derivativo antes de colocar em prática essa estratégia no home broker.