Em 2009, a Petrobrás era uma das maiores petrolíferas do mundo, o carro-chefe do Brasil que servia para mostrar ao mundo o potencial do país. No entanto, 11 anos depois, uma Lava-jato, seguidas quedas de preço no barril de petróleo e uma pandemia, são fatores capazes de fazer uma grande transformação, capaz de fazer a Petrobrás valer menos que a startup Zoom, aquela de videoconferências que está na moda.
A mesma Zoom também está valendo mais do que Ambev, Vale e sete companhias aéreas somadas. Você acha que isso é um exagero? Na verdade, esta constatação diz muito sobre o atual momento e também sobre as perspectivas futuras das mudanças que o Coronavírus deve trazer, tanto em âmbito econômico quanto social.
Do dia para a noite, as pessoas saíram dos seus escritórios e foram para salas de conferência na internet. Grandiosos edifícios da Faria Lima, Berrini, Avenida Paulista e Brooklyn agora estão ficando vazios.
Empresas e trabalhadores pagam aluguéis elevadíssimos em grandes metrópoles como São Paulo. Mas e quando começar a surgir o questionamento de que: “isso tudo é realmente necessário?”.
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Será que realmente precisamos de tanto espaço para fazer tarefas que poderíamos fazer de casa? Vale a pena pagar tão caro por estruturas gigantescas? Esta empresa precisa de tantas pessoas assim para funcionar? Precisamos manter projetos ineficientes de pé? Tudo isso deve estar passando pela cabeça de gestores destas empresas.
Nem todas as empresas passarão completamente para o digital. É possível que muitas voltem ao que era antes. Contudo, cada dia da quarentena diminui essa probabilidade. E é aí que entram aplicativos como o Zoom: que dão a possibilidade de uma empresa inteira funcionar por conferência.
Desde o começo da Pandemia do Coronavírus, as ações da Zoom dispararam mais de 191% e a empresa alcançou um valor de mercado de aproximadamente US$ 49 bilhões. Em 2019, a Zoom estreou na NASDAQ com cada ação custando US$ 64, hoje vale US$ 171.
Preço e indicadores da Zoom
É importante notar que o índice de Preço/Lucro por ação está sendo negociado em um múltiplo de 2.000. Isso significa que uma ação está custando uma medida de 2.000 vezes mais cara do que os lucros da empresa nos últimos trimestres. Geralmente, é comum ver ações sendo negociadas em um P/L de 10 a 20.
Mesmo levando os fatores acima em consideração, o P/L não deve ser o único fator a ser levado em consideração quando analisando se uma ação está barata ou cara. É preciso analisar outros fatores como perspectivas futuras de receita, pois este indicador utiliza um dado passado (lucros exibidos em balanços) e o preço presente.
Valor de mercado da Zoom
A receita da Zoom saltou 10 vezes em três anos. Saiu de US$ 60 milhões em 2017 para US$ 622 milhões nos últimos 12 meses. Caso a empresa consiga ganhar mais clientes na pandemia, alavancando ainda mais as receitas. Desta fora, o P/L na próxima divulgação de resultado poderia cair.
E a Zoom se tornou bem sucedida, sendo usada por líderes mundiais, grandes empresas e até startups. De todos os aplicativos de “videoconferência”, ela é a maior vencedora até o momento. Além disso, possui um grande potencial de receita recorrente, através de suas mensalidades.
Contudo, um P/L tão elevado assim mostra que a Zoom possa estar de fato com sua cotação próxima dos limites máximos. Afinal, o preço de nenhum ativo sobre para sempre sem correções e um P/L de 2000 vezes não faz muito sentido. Talvez o mercado esteja otimista demais com a empresa.
Ainda assim, a Zoom valer US$ 48 bilhões mostra como as transformações estão acontecendo em uma velocidade impressionante, principalmente quando são resultantes de duas variáveis que geralmente fazem uma combinações explosivas: rupturas com o preceito atual e tecnologia.