O clima entre Paulo Guedes e Jair Bolsonaro já foi mais amistoso. Em Brasília, há quem diga que Guedes está sendo minado enquanto o seu ministério sofre a 8ª baixa. O tema que traz desconforto é a questão fiscal. Afinal, deve o teto de gastos públicos ser flexibilizado ou não?
Guedes é claro quanto a isso, não quer a flexibilização do teto de gastos, que foi estabelecido em 2016 ainda no governo de Michel Temer. Naquela ocasião, aprovar o teto era a única forma de acalmar o crescimento da dívida pública e a desvalorização do Real, com um país no auge de uma depressão econômica.
O problema é que agora os lockdowns estão cobrando seu preço. O Banco Central Brasileiro já reduziu taxa de juros para as mínimas históricas e o governo está fazendo de tudo para evitar um desastre econômico. O problema é que para fazer mais, toca-se em um ponto muito sensível: a questão fiscal.
Os investidores já deixaram um sinal claro através do comportamento da taxa de juros e na cotação do dólar. Em uma ponta, vão querer juros mais altos para aceitar a flexibilização do teto de gastos e na outra, estão retirando seus dólares do Brasil e levando para países menos arriscados. Hoje, o dólar está cotado a R$ 5,50 e os juros longos (juros da economia para o longo prazo) também continuam subindo.
O Ibovespa, por outro lado, voltou a estar abaixo dos 100 mil pontos diante da turbulência política em Brasília. O investidor quer tomar menos risco no momento e mover seu dinheiro para mercados mais favoráveis.
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A Questão fiscal
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem cobrado do ministro Paulo Guedes (Economia) postura menos resistente ao aumento de gastos públicos e dessa forma garantir recursos para obras públicas e benefícios sociais.
Bolsonaro teria se queixado a interlocutores que o ministro precisa ser menos inflexível e intransigente em relação aos recursos orçamentários, cobrando que a política econômica deve estar em sintonia com o projeto de governo.
A discussão gira em torno do respeito ao teto de gastos, regra que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior. Uma alta do governo quer incluir obras públicas no chamado “Orçamento de Guerra”. Esse orçamento foi criado com recursos extraordinários para garantir ações de combate à Covid-19.
Ainda no front político, uma pesquisa divulgada pelo Datafolha neste final de semana mostrou que 47% dos brasileiros entrevistados acreditam que Jair Bolsonaro não tem qualquer culpa pelas mortes causadas pela pandemia.
Orçamento da Defesa vai ser maior que o da Educação
O Orçamento do ministério da Defesa deve superar em R$ 5,8 bilhões o da Educação, segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”. A divisão de recursos faz parte da proposta de lei orçamentária que o Ministério da Economia precisa encaminhar ao Congresso até o final do mês.
Segundo a reportagem, a previsão de orçamento para o Ministério da Defesa é de um aumento de 48,8% em relação ao orçamento deste ano, chegando a R$ 108,56 bilhões em 2021. A verba da Educação deve cair de R$ 103,1 bilhões para R$ 102,9 bilhões.
Os valores consideram todos os gastos das duas pastas, desde o pagamento de salários, compra de equipamentos e projetos em andamento.