Apesar da maior crise sanitária do mundo iniciada no ano de 2021, o ano foi favorável para a criação de IPOs (Ofertas Públicas Iniciais) na Bolsa Brasileira. Ao todo, 28 empresas abriram capital no ano passado, o maior número de IPOs desde 2007.
Mas ao que parece essa onda está longe de terminar, somente em março de 2021 sete empresas entraram na B3, a bolsa brasileira, marcadas para o mês de abril após a conclusão de seus IPOs.
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Dentre os IPOs mais esperados pelos investidores, encontra-se uma gigante do setor de seguros brasileiro, a Caixa Seguridade, controlada pela Caixa Econômica Federal. O IPO foi requerido à CVM no início de março, sob o código CXSE3, envolvendo a venda de 450 milhões de ações ordinárias, com um lote suplementar de 67,5 milhões de ações.
No entanto, caso o lote seja inteiramente utilizado, o valor pode saltar para R$ 6,5 bilhões, no qual, nesta hipótese, a Caixa Econômica venderia uma fatia de até 17,25% de participação na seguradora. A precificação está marcada para o dia 27 de abril.
É importante ressaltar que a oferta é 100% secundária, o que significa que todo o capital levantado não vai para a empresa que realizará o IPO, mas para a instituição financeira que a controla, no caso, a Caixa Econômica.
Investidores atentos
O fato de a Caixa Seguridade ser uma empresa estatal, acende um alerta no mercado financeiro, tendo em vista as recentes interferências políticas do presidente da República no Banco do Brasil e na Petrobras.
Sabendo disso, a própria Caixa Seguridade deixa claro que os interesses da estatal podem divergir dos demais acionistas. “O acionista controlador tem, e continuará a ter após a conclusão da oferta, poderes para, dentre outros, eleger a maioria dos membros do conselho de administração da Companhia e decidir sobre quaisquer questões que sejam de competência dos acionistas”, afirma a seguradora no prospecto preliminar.
Atuação da Caixa Seguridade
Em 2020, a Caixa Seguridade registrou R$ 39,1 bilhões de faturamento e R$ 1,8 bilhão de lucro líquido recorrente, um aumento de 5,2% em relação ao lucro de 2019. O market share, em português, participação de mercado atingiu 13,5%.
A empresa atua em sete segmentos de seguros e capitalização: residencial, prestamista (quitação de dívidas em caso de morte ou invalidez), previdência privada, habitacional, seguro de vida, título de capitalização e consórcios.
Na Bolsa de Valores sua concorrente direta seria o BB Seguridade, administrado pelo Banco do Brasil. Apesar de atuarem no mesmo segmento, as companhias SulAmérica e Porto Seguro, possuem características distintas, principalmente quanto à diversidade de atuação e segmentos atuantes, por conta disso, de acordo com os analistas, não entram na comparação.
Mercado desconfia
Apesar de ser esperado, o mercado ainda possui muita desconfiança referente a abertura de capital da empresa, na visão de diversos especialistas, a principal preocupação é com relação à penetração de mercado que a Caixa Seguridade pode conseguir.
Muitos duvidas que a Caixa Seguridade consiga mudar, em uma perspectiva de curto prazo, sua postura em relação a toda a sua estrutura de vendas. Por ser uma empresa estatal e até o momento, sem abrir capital, a Caixa não vê necessidade de entregar crescimento de gerar lucros, ao contrário de sua principal concorrente, o Banco do Brasil.
Além disso, muitos investidores estão temerosos em entrar em IPOs de companhias públicas, tendo em vista que 2022 é um ano eleitoral e o cenário político e financeiro pode mudar a qualquer instante.
É preciso analisar
Para aqueles que pensam em ir às compras, é preciso analisar muito bem os prós e contras, além de analisar os resultados atuais da companhia e o que ela almeja para o futuro.
Para que o investidor possa realizar essa avaliação diversos indicadores se encontram disponíveis para tal, um deles é o P/L, iniciador utilizado para analisar o quão cara ou barata está uma empresa.
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Para se ter uma ideia, atualmente o de BB Seguridade está em torno de 13x. Caso o IPO seja no meio da faixa de preço, ou seja, entre os R$11,00, a Caixa Seguridade estaria em 18x.
Dessa forma, podemos considerar duas hipóteses:
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O P/L alto representa que a ação é muito cara, em comparação com seus concorrentes.
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O P/L mais alto indica que há grandes expectativas sobre a ação no mercado, e por conta disso, os preços são pressionados para cima.
Ainda considerando o preço médio de R$11,00, o valor estimado para a oferta seria de R$ 4,95 bilhões. Desse modo, a operação será bem menor do que o IPO da BB Seguridade, que movimentou quase R$ 11,47 bilhões, em 2013.
Além disso, o momento atual não é favorável, em meio às muitas incertezas com o rumo político e sanitário no Brasil, esses fatores podem influenciar diretamente no preço, trazendo ele para baixo, e consequentemente diminuindo o valor de mercado da companhia.
Aos interessados no IPO da Caixa Seguridade
Pedro Duarte Guimarães, atual presidente da Caixa Econômica Federal, está confiante que os investidores individuais terão grande participação na compra de CXSE3.
Nas palavras dele, “poderemos ter uma participação sensível do varejo, provavelmente deve ser, pode ser a maior participação do varejo… Isso é importante porque a Caixa é o banco de todos os brasileiros e tem grande participação do varejo. É algo que faz parte da nossa estratégia, como eu venho falando há dois anos e meio”.
Em suma, para aqueles que desejarem participar do IPO da Caixa Seguridade, o fim do prazo para a reserva das ações é 26 de abril, com definição do preço final da oferta previsto para o dia seguinte. No dia 28, deve ocorrer o início da oferta.