A inflação registrada no ano de 2020 no Brasil, atingiu o maior patamar desde o ano de 2016, quando a taxa do IPCA, que é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, havia ficado em 6,29%. Desta vez, o ano de 2020 terminou com uma inflação atingindo os 4,52%.
Os dados foram passados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, conhecido pela sigla IBGE, e mostraram resultados inflacionários que ficaram acima das expectativas de uma pesquisa da Reuters.
A Reuters tinha uma estimativa de que a inflação do ano ficaria em torno dos 4,31%, com uma expectativa para o aumento no mês de dezembro em 1,21%, um pouco abaixo do que se viu para o mês que foi de 1,35%, segundo o próprio IBGE.
Aumento de preço nos alimentos e combustíveis faz inflação mensal ser a maior desde 2016
Os dados acabaram inclusive ultrapassando as expectativas até mesmo do Banco Central brasileiro, que havia registrado há alguns dias sua estimativa para 4,38% do avanço do IPCA em 2020, que acabou abaixando frente à estimativa anterior de 4,39%.
O que mais chama a atenção, é que no último mês do ano a inflação acabou se acelerando acima das expectativas e de forma histórica. Foi o maior aumento da inflação em um 1 mês desde fevereiro de 2003, e o maior do mês de dezembro desde 2002.
Sendo assim, a variação mensal no mês de dezembro acabou tendo valores históricos em cerca de 18 anos de dados estatísticos sobre o índice inflacionário, o que pode nos demonstrar o momento atípico que vivemos na economia.
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Para se ter uma ideia, em fevereiro de 2003, o aumento mensal da inflação havia ficado em 1,57%, cerca de 0,22 pontos percentuais acima do que se realizou em dezembro de 2020. Em dezembro de 2002, a taxa de aumento foi de 2,10%, cerca de 0,75 pontos percentuais acima dos dados atuais.
O conselho Monetário Nacional, o CMN, tinha como centro da meta para o ano de 2020 uma alta no índice de 4,0%, enquanto a margem de tolerância era de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos deste centro.
O que se viu, foi que o valor obtido ficou 0,52 pontos percentuais acima do centro da meta, porém acabou ficando dentro do limite dos 5,5% em cerca de 0,98 pontos percentuais abaixo disso. No cenário anual, 2020 teve uma inflação acima do ano de 2019 em 0,21 pontos percentuais, de modo que na época o valor obtido foi de 4,31%.
Todos esses dados refletem fortemente no poder de compra dos consumidores brasileiros. Foi o que se viu neste ano que se passou, principalmente em relação às famílias mais necessitadas, no qual viram os preços de bebidas e alimentos aumentarem mais de 14% durante o ano, o maior número também em 18 anos de história.
A última vez que os preços de alimentos e bebidas elevaram-se tanto foi em 2002, quando o aumento atingiu em média cerca de 19,47%. O aumento dos preços ocorreu em diferentes setores, em especial, o setor elétrico, que teve um aumento na conta de energia em 9,14% no ano.
Embora o aumento nos preços dos alimentos acabou sendo visto em praticamente todas as diversas opções que temos no mercado, o fato é que alguns deles acabaram se destacando e deixando os consumidores perplexos.
O arroz, por exemplo, teve um aumento de aproximadamente 103,79% em 2020, mais que dobrando de preço em 1 ano. O óleo de soja, por sua vez, foi outro destaque no aumento de seu preço, que cresceu mais de 76%.
Os motivos para os aumentos são diversos, porém, destaca-se, por exemplo, a considerável alta do dólar que ocorreu durante todo o ano de 2020, que cresceu cerca de 29,33%. Com esta alta, o preço de commodities acabou crescendo por consequência no Brasil.
Em um ano marcado pela pandemia, e os diversos problemas econômicos que o Brasil passou, colaboraram para o aumento da inflação e aumento do custo de vida da população, que também acabou vendo sua moeda ser uma das mais desvalorizadas no ano frente ao dólar no cenário mundial.