Hoje, começa mais uma edição do Fórum Econômico Mundial, que tradicionalmente irá acontecer na cidade montanhosa de Davos, nos Alpes Suíços. Esse evento trava a agenda de milhares de jornalistas ao redor do mundo, que dão prioridade para cobrir a conferência.
Isso acontece porque o “Fórum de Davos” reúne as maiores empresas e os políticos mais importantes do mundo para discutir as pautas mais urgentes sobre comércio, saúde, meio-ambiente, economia e política.
Conhecido como Fórum de Davos, a conferência anual é realizada por uma organização sem fins lucrativos. A organização Fórum Econômico Mundial foi fundada por Klaus Martin Schwab, um professor de administração na Suíça. Entre a organização dos eventos, o Fórum também elabora relatórios de pesquisa e busca um maior engajamento entre seus membros.
O evento acontece anualmente, sempre no final do mês de Janeiro. O evento serve como ponto de encontro para que lideranças mundiais possam estreitar laços, criar pontes para novos negócios, fazer novos contatos e discutir as principais tendências para a próxima década.
A primeira edição aconteceu em 1971 e, desde então, o evento vem ganhando mais importância ao longo de quase 50 anos de existência. Afinal, é lá que serão decididos os novos rumos definidos para a economia e política mundial.
O que será discutido no Fórum Econômico Mundial em 2020
Em 2020, o evento acontece entre 21 de janeiro e 25 de janeiro e as discussões serão pautadas por sete temas, que podem ser acompanhados ao vivo no site do World Economic Forum:
- Como salvar o planeta. O painel falará sobre a preocupação climática e sustentabilidade.
- Sociedade e futuro do trabalho. A “Quarta Revolução Industrial” será um dos temas mais discutidos nesse painel, principalmente com os avanços da Internet.
- Tecnologia para o bem. Os avanços de novas tecnologias podem ameaçar a economia ao eliminar empregos, ou promover crescimento?
- Economias mais justas. Como remodelar as economias para que o crescimento beneficie muitos e não apenas os poucos e, assim, garanta que o extraordinário mecanismo de desenvolvimento humano que construímos seja sustentável?
- Melhores negócios. Esse painel discute sobre novos negócios e como criar modelos sustentáveis.
- Futuro saudável. Depressão, ansiedade, câncer e diabetes ainda são as maiores mazelas do mundo. Como identificar e resolver os principais desafios da saúde, garantindo um acesso justo a todos?
- Geopolítica mundial. Como passar da geopolítica e da concorrência internacional para um padrão de colaboração global consumada. As nações terão que mudar.
Apesar da diversidade dos temas, a perspectiva é que as pautas sobre sustentabilidade e meio-ambiente dominem as discussões por conta das queimadas recentes na Austrália e na Amazônia. A preocupação sobre a situação climática no mundo é urgente. Nos últimos 50 anos, a temperatura média da Terra aumentou em 1,5ºC.
Sob holofotes diante da crise das queimadas na Amazônia, o Brasil deverá ser questionado e pressionado para buscar políticas de combate ao desmatamento. Os Estados Unidos também serão pressionados em relação à sua decisão de deixar o Acordo de Paris.
No ano passado, a Geopolítica teve um maior foco, principalmente pela crise humanitária e econômica na Venezuela, além da própria Guerra Comercial entre EUA e China.
Quem vai para Davos?
É estimado que a maior concentração de bilionários por metro quadrado estará em Davos para o Fórum Econômico Mundial. De 3 mil pessoas, a Bloomberg estimou que pelo menos 100 bilionários marcarão presença. A soma da fortuna do seleto grupo deve ultrapassar os US$ 500 bilhões.
Ren Zhengfei, fundador da Huawei, uma das maiores empresas de eletrônicos do mundo, marcará presença no evento. No entanto, não é só a elite financeira que estará na pequena cidade localizada nos Alpes Suíços. Políticos importantes e outros buscando espaço também estarão lá.
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição também confirmou presença. O evento também deverá contar com o Ministro do Reino Unido, Boris Johnson, figura central no andamento do processo do Brexit, que separou Reino Unido e Europa.
Angela Merkel, Ministra da Alemanha, e Emmanuel Macron, presidente da França, também fazem parte do grupo de chefes de estado mais importantes do mundo que também estarão no Fórum Econômico Mundial.
Ativistas também marcarão presença em Davos. Entre eles, Greta Thunberg, que ficou conhecida por seus discursos ambientalistas, também discursará pela segunda vez seguida. Recentemente, ela discutiu com Bolsonaro e Trump em redes sociais. Muitos esperam um embate entre Trump e Greta, mas provavelmente não acontecerá.
Algum brasileiro estará em Davos?
Luciano Huck é um dos brasileiros que marcarão presença no Fórum. O apresentador de TV está sondando e buscando maior aceitação para construir uma candidatura sólida para a presidência da República em 2022. Huck terá uma palestra, onde abordará a crise política no Brasil e ausência de políticas no combate à desigualdade.
O governador de São Paulo, João Dória, também confirmou presença. Seu plano será “vender São Paulo” para investidores, seja através da entrada de investimento estrangeiro no estado, ou por meio de privatizações, o que poderia trazer cerca de R$ 40 bilhões para os cofres do estado.
Falando em vendas, Paulo Guedes também confirmou sua presença na conferência. Ele fará um grande esforço para promover e “vender” a imagem do Brasil para investidores e políticos estrangeiros. Afinal, o investimento direto de estrangeiros no país decepcionou no último ano.
Guedes quer causar uma boa impressão e assegurar que o Brasil tem de tudo para crescer de forma sólida e sustentável nos próximos anos, principalmente com uma situação fiscal bem controlada e seguindo com as reformas estruturais importantes para a estabilidade da economia brasileira.
Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro, que discursou em Davos no ano passado, avisou que resolveu cancelar sua ida ao fórum. O motivo seria por questões de segurança e outros compromissos em sua agenda de viagens, incluindo uma viagem para Índia no dia 24 de janeiro.
Empresas também participam, e pagam caro por isso
As empresas precisam pagar para participar de Davos. Além disso, os participantes também têm de ser membros do Fórum Econômico Mundial. Há uma série de tipos de filiação, começando com 60 mil francos suíços (R$ 226 mil) por ano até chegar ao valor de 600 mil francos suíços (R$ 2,2 milhões), para ser mencionado como um “parceiro estratégico”.
É um negócio caro, mas os principais membros têm acesso a sessões privadas com seus colegas do setor e, ao contrário de todos os outros, eles também têm carro e motorista à disposição. Outros participantes precisam se deslocar à pé, tomando cuidado para não escorregar nas calçadas congeladas de Davos.
Embora seja caro, algumas empresas afirmam que o investimento vale a pena. Afinal, é um evento onde estarão os mais proeminentes empresários do mundo, e ter acesso aos ambientes mais exclusivos aumenta as chances de networking e potencializa novos negócios.
Entre as empresas associadas estão: Bradesco, Volkwagen, Facebook, Visa, PayPal, Bank of America, Google, UBS, Microsoft e muitas outras de diversos setores.
O evento é “só conversa”?
Muitas pessoas criticam a conferência afirmando que esse evento é “só conversa”, porque não leva a ações sólidas e positivas. De fato, alguns temas não avançam tanto quanto o planejado, até porque é difícil fazer que todas as economias do mundo se comprometam em alguma causa, afinal, cada país tem um interesse econômico.
A Reunião Anual foi descrita pelo The Times como uma “mistura de pompa e banalidade” e criticada por se afastar de assuntos econômicos sérios e obter poucos resultados, particularmente com o envolvimento de ONGs que tem pouca experiência, ou nenhuma experiência, com assuntos econômicos.
No entanto, o “Fórum de Davos” é importante para criar aproximação entre líderes mundiais, o que facilita ações positivas. O mais recente foi o encontro de um Ministro da Grécia com um Ministro da Macedônia, onde assinaram um acordo que resolve uma disputa de quase 3 décadas sobre o nome da Macedônia. Isso abriu caminho para que os dois países buscassem aproximação estratégica na área econômica.