Fontes alternativas para mineração de Bitcoin e outras criptomoedas

Recentemente, têm sido publicadas diversas notícias sobre o alto consumo de energia na mineração do Bitcoin e outras criptomoedas. Inclusive, em maio, o mercado de criptos sofreu forte queda devido à uma fala de Elon Musk. O bilionário informou que a Tesla deixaria de aceitar pagamentos em BTC na compra dos carros da Tesla. Isso puxou uma forte queda em todo o mercado, que ainda tenta se recuperar.

Contudo, especialistas apontam que, embora a crítica seja válida, é um tanto seletiva. A mineração do ouro e o sistema financeiro gastam muito mais energia que a mineração de criptomoedas. Além disso, segundo uma pesquisa elaborada pela Universidade de Cambridge, pelo menos 39% da mineração, hoje, é feita utilizando fontes renováveis de energia.

Mas quais são as energias renováveis que podem tornar a mineração de criptomoedas com uma pegada mais ecológica? Além disso, existem formas de diminuir o consumo energético? Neste artigo iremos responder estas questões, mostrando como o mercado de criptomoedas tem tratado a questão.

Fontes renováveis de energia e localidades para mineração de criptomoedas

criptomoedas

Engana-se quem acredita que a indústria de criptomoeda não está atenta às questões energéticas da mineração. A verdade é que não se trata apenas de questões ambientais, mas também de rentabilidade.

Dessa forma, países que possuem como matriz energética fontes de energia renovável, são países de bastante interesse para mineradoras. Por exemplo, países nórdicos possuem a vantagem de serem frios, diminuindo os custos com sistemas complexos de refrigeração. Além disso possuem sua matriz energética com pegada quase zero de carbono, seja através de usinas hidrelétricas ou até mesmo geotérmicas.

Além disso, estes países possuem um custo de eletricidade baixíssimo, clima político favorável e legislatura compatível com as criptomoedas. Por exemplo, o preço do kwH para uso comercial na Islândia é de US$ 0,13, na Finlândia de US$ 0,11 kwh e US$ 0,17 kwh. Em comparação ao Brasil, o custo é de US$ 0,49 kwh.

Porque o Brasil não é um local atrativo para mineração.

Como foi dito anteriormente, o preço do kwh no Brasil é elevadíssimo comparado a outros países. Um outro ponto é que, além disso, há também uma imprevisibilidade quanto ao valor da tarifa. Embora grande parte do país seja abastecido por uma fonte de energia limpa, que é a hidrelétrica, estas dependem de os reservatórios estarem cheios. Como é um país tropical, em períodos de estiagem, é necessário acessar usinas termelétricas, que são extremamente poluentes e mais caras para operação.

Embora não seja um país atrativo para tal, recentemente o Ministério de Minas e Energia irá redigir uma proposta para a implementação de um mercado livre de energia. A proposta pretende permitir que empresas com alta demanda possa negociar a compra de energia direto com fornecedores com excedente disponível. A proposta pode ser habilitadora para mineração de criptomoedas no país.

Como diminuir o gasto energético da mineração de criptomoedas?

Para diminuir o gasto energético da mineração, segundo especialistas, é necessário mudar o algoritmo relacionado ao protocolo de consenso. A maioria das criptomoedas, hoje, utilizam o modelo de proof-of-work. Neste modelo, diversos mineradores disputam, com todo seu poder tecnológico, quem resolve o cálculo matemático de blockchain. Quem resolver o primeiro cálculo, ganha sua prova de recompensa, que no caso, é a criptomoeda minerada.

Com isso, é perceptível um claro desperdício energético, visto que diversos mineradores estão realizando gasto energético para a resolução de um mesmo algoritmo. Esse modelo de mineração é chamado de proof of work. Contudo, não é o único modelo disponível para mineração de criptomoedas.

Ultimamente, têm surgido criptomoedas que utilizam o proof of stake (prova de participação). O conceito deste modelo diz que, quanto mais criptomoedas possuir, mais chance você tem de criar blocos. Ou seja, você disputa a validação do hash (neste modelo não é chamado de mineração) através da quantidade de criptomoedas que você possui.

Inclusive, o Ethereum, uma das criptomoedas mais conhecidas do mercado, irá adotar o modelo proof of stake nos próximos meses. Este modelo tem potencial de reduzir o gasto energético em até 99,95% em relação ao proof of work. Criptomoedas que já utilizam o modelo são: Tron, Nuls, Shift, Particl, Qtum etc.

Acordo de Criptomoedas sobre o Clima

O multimilionário e defensor do clima Tom Steyer, anunciou, junto com empresas do setor privado e conglomerados de mineradoras, um acordo. Este acordo visa diminuir o impacto ambiental causado por criptomoedas. Entre os objetivos, encontra-se a pretensão de zerar a taxa de emissões relacionadas ao blockchain até 2040. Além disso, pretendem desenvolver um código aberto para medir de forma constante as emissões geradas pela indústria de cripto.

Segundo o diretor comercial da ONG Energy Web Foundation, Jesse Morris, “se pudermos torná-lo mais verde, será muito mais fácil e menor o risco para outras organizações comprarem mais bitcoin”, disse sobre o ecossistema de criptomoedas.

Embora as metas sejam ambiciosas, são também factíveis. Levando em consideração que já existem mineradoras utilizando energia 100% limpa na mineração, como dito anteriormente, a tendência é seguir por este caminho. O acordo deve ser finalizado em novembro, onde está prevista uma conferência na ONU sobre o clima.

Conclusão

Em síntese, a verdade é que o mercado de criptomoedas já está atento sobre a necessidade de tornar o ecossistema mais sustentável do ponto de vista energético. E está atento até bem antes de Elon Musk apontar sobre essas questões, embora sua fala tenha sido importante para acelerar esse movimento.

Além disso, a melhor eficiência energética do ecossistema de criptomoedas passa também pela reformulação de seus algoritmos para modelos como o proof of stake. Tais modelos são capazes de diminuir a necessidade de grandes potências computacionais. Inclusive, criptomoedas, como o Ethereum, já pensam em adotar o modelo, tanto por questões energéticas quanto de segurança.

Por último e não menos importante, também é necessário que os países passem a adotar matrizes energéticas mais limpas. Como vimos neste artigo, os países nórdicos estão à frente neste ponto, muito por conta das condições naturais propiciadas, sendo locais de forte atratividade para mineradores.

Com isso, o problema energético que envolve as criptomoedas está em curso através de diversas frentes. Mineradores e investidores possuem total interesse nesta questão. O motivo é que, quanto menos problemas são apontados em relação ao uso de cripto, mais esses ativos se consolidam no mercado. 

Veja também: Bitcoin: Qual o futuro da criptomoeda?

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