O Bitcoin, antes de se tornar uma reserva de valor (e de grande valor), era uma tecnologia que havia surgido para resolver problemas do mundo real, principalmente no que se refere à descentralização das finanças, com o objetivo de se tornar livre de qualquer tipo de mercado centralizado.
Contudo, com o passar do tempo, os entusiastas da tecnologia blockchain perceberam que a tecnologia por trás do Bitcoin era insuficiente para de fato substituir o que temos no mercado financeiro tradicional, sendo muito caro e lento para ser operacionalizado.
Dessa forma, diversos projetos blockchain que vieram depois do Bitcoin buscaram resolver este problema, um destes é a blockchain Cosmos. Considerada a internet das blockchains, o projeto busca operacionalizar a comunicação entre diversas blockchains, inclusive, por exemplo, entre o Bitcoin e Ethereum
Sendo assim, neste artigo, iremos tratar sobre a Cosmos (ATOM), buscando entender um pouco mais a fundo o que este projeto de blockchain busca resolver e como ele afetará a indústria criptográfica.
Veja também: Web 3.0 e a tecnologia blockchain
O que é a Cosmos?
A Cosmos, que se intitula a si mesmo com a internet das blockchains, é uma rede descentralizada de blockchains interoperáveis capazes de trocar informação e tokens umas com as outras sem a necessidade de permissão.
Nesse sentido, a Cosmos busca resolver alguns problemas enfrentados por outras blockchains, como a escalabilidade, usabilidade e governança. Isso é feito através do fornecimento de ferramentas para ajudar os desenvolvedores a construírem blockchains de forma rápida para uma variedade de casos, permitindo que as blockchains se comuniquem umas com as outras.
As blockchains independentes, chamadas de “zones” no ecossistema Cosmos, são alimentadas pelo algoritmo de consenso proof-of-stake de tolerância a falhas bizantinas (BFT) da Tendermint. Um BFT permite que a rede chegue a um consenso mesmo se alguns dos nós falharem ou agirem maliciosamente.
A primeira blockchain da rede Cosmos é a Cosmos HUB, onde o ATOM é o token nativo da plataforma. Em seguida, será explicado como a rede Cosmos funciona, mostrando suas principais vantagens.
A tecnologia Tendermint
A Tendermint pode processar milhares de transações por segundo, onde a latência de confirmação na rede dura entre um e dois segundos. O whitepaper da Cosmos sugere que, mesmo em condições adversas, com validadores travando ou sinalizando votos maliciosos em toda a rede, ainda é possível executar mais de 1000 transações por segundo.
Sendo assim, essa quantidade de transações é significativamente superior ao Bitcoin e outras blockchains concorrentes. Os recursos técnicos significativos do Tendermint permitem que os desenvolvedores criem sua própria plataforma blockchain sem ter que construir tudo do zero.
Nesse sentido, isso é útil pois permite que os usuários criem, essencialmente, qualquer tipo de sistema blockchain que desejarem, com tudo disponível, exceto pela lógica de aplicativo e tokens. Entre as redes hospedadas na rede Cosmos, podemos citar Kaká (KAVA), Terra (Luna), Band Protocolo (BAND), Aragon (ANT) E Akash Network (AKASH).
Cosmos SDK
O Cosmos SDK é um kit de desenvolvimento de software (SDK) que permite aos desenvolvedores construírem blockchains utilizando o algoritmo de consenso Tendermint. O SDK minimiza a complexidade ao oferecer as funcionalidades mais conhecidas entre blockchains.
Por exemplo, o SDK fornece funcionalidades de staking, governança, tokens etc. Os desenvolvedores podem criar plugins para adicionar diversas funcionalidades que eles querem ter em suas blockchains.
Veja também: As cinco melhores criptomoedas de 2021
Protocolo IBC (Inter-Blockchain Communication)
O protocolo Cosmos IBC foi criado para resolver um dos mais importantes desafios dos sistemas blockchain atualmente: a falta de comunicação e compartilhamento de dados entre as redes blockchain.
Nesse sentido, a interoperabilidade e capacidade de comunicação, tanto com protocolos externos quanto internos são essenciais para a ampla aplicação e adoração da tecnologia blockchain e criptomoedas no mundo real. Imagine que uma rede telefônica pudesse se comunicar com participantes em sua área geográfica.
A verdade é que isso certamente não funcionaria, o Cosmos IBC é um rato-coró de mensagens semelhante ao TCP/IP, tendo sido construído para compartilhar informações e dados, permitindo, em última análise, a comunicação entre várias blockchains.
Cosmos Hub e as Zones
A Cosmos Hub é a fundação da Cosmos blockchain, sendo seu livro razão distribuído. Tanto a Cosmos HUB quanto suas Zones podem conter os tokens do usuário. As Zones interagem entre si, usando comunicação entre blockchains, onde toda a comunicação passa pelo Cosmos Hub.
Uma vez que o Hub desempenha um papel em tudo o que acontece na rede, ele é protegido por um descentralizado de validadores, o que aumenta a segurança e possibilita que toda a rede resista a ataques graves. As Zones se comunicam com o Hub utilizando pacotes de comunicação entre blockchains.
Com isso, as Zones possuem seus próprios validadores, que utilizam uma certa quantidade de tokens ATOM para passar pelo HUB. Se qualquer uma das Zones começar a agir de forma suspeita em uma tentativa de comprometer a integridade da rede, o número de tokens ATOM que eles possuem é reduzido pelo Hub para desencorajar atores mal-intencionados.
O token da plataforma Cosmos (ATOM)
O open ATOM possui um papel importante na redução da probabilidade de transações maliciosas passando pelo Hub. Os tokens são retirados dos validadores se algo impreciso estiver acontecendo. Nesse sentido, é como se possuir o token ATOM fossem pontos das carteiras de motorista, caso cometa infração, você os perde.
Além disso, os tokens ATOM também atuam como um meio de contabilizar as taxas de transação. Isso não significa que as taxas devam ser pagas usando obrigatoriamente os tokens ATOM. Outras moedas podem ser usadas para pagar taxas de transação.
Dessa forma, o incentivo para usar tokens ATOM em staking é que os usuários podem receber uma parte das taxas em diferentes moedas, dependendo da quantidade de token ATOM em staking. É importante lembrar que cada Zone é uma blockchain diferente na rede Cosmos, o que significa que cada uma possui seus tokens nativos.
Por fim, cada validador pode aceitar qualquer combinação de tokens que desejarem como taxa de transação, onde 2% das taxas cobradas vão para um pool de reserva e os outros 98% vão para os validadores, tendo como base a participação em tokens ATOM que eles possuem na rede.
Conclusão
O mecanismo de consenso Tendermint BFT, o protocolo IBC e o Cosmos SDK são projetados para simplificar como os engenheiros de software constroem seus próprios protocolos blockchain como parte da rede Cosmos.
Sendo assim, o Cosmos Hub é uma rede blockchain descentralizada extremamente poderosa, onde sua estrutura e governança permite os participantes da rede a manter constância, servindo como mecanismo de staking para promover segurança, consenso e eficiência operacional através do token ATOM.
A rede Cosmos ajuda a resolver muitos dos desafios de interoperabilidade existentes que impõem limites fundamentais à tecnologia blockchain disponível na indústria criptográfica atualmente.