Bitcoin cai 22,5% em 18 horas. É o momento de desespero?

O bitcoin acabou sendo muito comentado no dia de hoje (11), dessa vez pela sua rápida queda de 22,5% em sua cotação em dólar na madrugada desta segunda-feira. Por volta das 19h25 de ontem (10), domingo, o bitcoin variava seu preço em torno dos US$39 mil. Por volta das 13h37, o bitcoin atingiu aproximadamente US$30,3 mil.

Essa queda de 22,5% acabou sendo a terceira maior da história da criptomoeda, não ultrapassando apenas os 22,9% no tombo da MtGox em 2013 e o dia de terror do “coronaday”, com quase 37,2%.

A queda rápida da criptomoeda acabou pegando muitas pessoas desprevenidas na noite de ontem (10), principalmente aos que acabaram comprando bitcoin no valor mais alto, no momento de euforia. Porém, para os que acompanham de perto o criptoativo e o seu comportamento há algum tempo, já sabiam que uma queda deste tipo seria inevitável, mais cedo ou mais tarde.

No início do mês de dezembro de 2020 o bitcoin tinha seu preço por volta dos US$19 mil. Após isso, rompeu o ano em pouco mais de US$29 mil, e em apenas 8 dias de 2021, ultrapassou a marca dos US$40 mil, uma alta superior a 110% em menos de 40 dias.

Sendo assim, embora seja impossível prever até que ponto essa baixa pode chegar ou se deve recuperar-se logo após, uma coisa é certa: Correções em ativos é algo muito comum, principalmente após uma valorização tão grande em pouco tempo como aconteceu com o bitcoin.

É o momento para desespero? 

Os grandes investidores do mercado, o que inclui instituições, colaboraram muito com a subida do preço da criptomoeda, através de grandes volumes de dinheiro investidos, o que faz com que a demanda da moeda se diferencie muito em relação à oferta, o que faz o preço subir.

Com a valorização esses mesmos grandes investidores realizam seus lucros, vendendo-os em massa, e o preço cai novamente. Desse modo, a queda do bitcoin, mesmo que continue ainda maior do que a que estamos vendo agora, não deve ser vista como uma tragédia.

O fato é que o projeto e os princípios fundamentais por trás da criação do bitcoin não foram alterados, sendo assim, as instituições e os investidores que outrora venderam seus ativos, poderão recomprá-los mais adiante e inclusive colocar volumes de dinheiro ainda maiores sobre ele.

À medida que o conhecimento do bitcoin avança sobre grandes investidores, a demanda do ativo deve crescer também. Além disso, é importante entender que o bitcoin foi uma moeda criada, entre outros motivos, como uma alternativa de refúgio da inflação ocasionada pela grande emissão das moedas fiduciárias dos governos.

Nos EUA, houve uma série de pacotes de estímulo e uma emissão recorde do dólar em 2020, que deve continuar em 2021, ao passo que Joe Biden já prometeu um novo pacote de trilhões de dólares para estímulos econômicos para amenizar os efeitos da pandemia, que vem avançando no país.

Veja também: Pacote de estímulo de trilhões de dólares é esperado nos EUA

Esse fator pode favorecer o refúgio dos investidores ao bitcoin em um prazo mais a adiante, frente a uma desvalorização do dólar, e assim, uma alta da demanda da criptomoeda. O preço do bitcoin poderia não crescer tanto, caso a oferta de novos bitcoins acompanhasse essa demanda.

Entretanto, não é o que tem sido visto. De acordo com um relatório do fundo de criptoativos Pantera Capital, 100% dos bitcoins minerados recentemente, ou seja, que ficaram disponíveis para negociação no mercado nos últimos períodos foram comprados pelo PayPal e pela Square’s Cash.

Além disso, a criptomoeda tem atraído a atenção cada vez maior de grandes gestores e de fundos de investimentos mais livres e diversificados, ao passo que os fundos voltados exclusivamente em criptomoedas têm ganhado cada vez mais clientes ao longo dos dias.

Outro ponto considerável é que a dificuldade de mineração da rede Bitcoin atingiu um novo recorde em 2021, de acordo com novos dados. A medição de competitividade entre mineradores na rede aumentou 10,79% neste último sábado (9). A alta foi para 20,65 trilhões, no qual é a primeira vez que fica acima dos 20 trilhões na história.

Ao passo que a dificuldade de emitir novos bitcoins cresce, a quantidade disponível da moeda diminui, frente ao aumento da demanda que apresentamos anteriormente. A confirmação desses fatores traz à tona uma possibilidade de altas incríveis do bitcoin a longo prazo.

Veja também: Vai faltar Bitcoin? Demanda do ativo só cresce

Embora isso não seja nenhuma recomendação de compra, o que está sendo passado, é que as variações do preço do bitcoin não diminuem o seu projeto, e quedas bruscas de curto e médio prazos, não significam que ele tenha chegado ao fim de sua tendência de alta, propriamente dito.

Não diferente disso, um momento de pânico no bitcoin ainda maior do que este foi visto em março de 2020, no qual o ativo caiu mais de 35% em um dia (12), e chegou a 50% de desvalorização em apenas 1 semana.

É preciso ficar atento aos princípios fundamentais do ativo que se está investindo, seja bitcoin ou qualquer outro. Um ensinamento muito importante para esse momento, no qual muitos investidores perderam fortunas por conta do medo, seria: Invista em ativos e não em preços, entender no que se está investindo é muito importante, antes de se colocar qualquer dinheiro no mesmo.

Além disso, o conhecimento é o fator que traz a maior redução dos riscos nos investimentos, embora considerando a renda variável, esses riscos jamais se tornarão ausentes. 

Comprar tudo ou vender tudo em um único preço pode ser uma alternativa interessante para lucrar em alguns momentos, porém não é apropriado levando em conta uma redução de riscos, principalmente em momentos de volatilidade nos preços de forma tão presente como estamos vendo nos últimos dias no bitcoin.

Fazer um gerenciamento de risco adequado para o perfil de investidor do bitcoin é o primeiro passo para ter resultados mais efetivos em estratégias de curto prazo. Nesse sentido, acompanhar os desdobramentos e notícias de grandes compradores podem ser fatores importantes.  

A médio e longo prazo, um olhar ainda mais atento para os ciclos de mercado desse ativo são fundamentais para se prever momentos diferentes de tendência e a medição do risco comparado a possibilidade de retorno em lucros, em resumo, a análise de risco-retorno.

Veja também: Como identificar uma reversão de tendência?

Bitcoin quebra recorde e atinge US$1 trilhão em capitalização de mercado

Associado a todos os fatores que já expusemos aqui, ainda temos outra questão a ser colocada no cenário atual das criptomoedas. O mercado de cripto ativos acabou atingindo uma importante marca na última quarta-feira (6), quando havia chegado, pela primeira vez em sua história, à marca de 1 trilhão de dólares em capitalização de mercado.

Essa capitalização de mercado, conhecida pela sua terminologia em inglês market cap, refere-se a quantidade de dinheiro que seria necessária para comprar todas as unidades existentes de bitcoins.

Sendo assim a multiplicação da quantidade de ativos em circulação pelo seu preço visto na ocasião resultaria no valor que apresentamos anteriormente, que é o seu valor de capitalização de mercado.

Porém, é muito difícil atingir valores como esse com investimentos apenas de pessoas físicas, principalmente em um ativo relativamente novo. Foi aí que mais uma vez se viu que o número de instituições e pessoas jurídicas ligadas ao bitcoin apenas têm crescido.

Isso contribui muito para o fato de que o aumento do bitcoin ao longo das últimas semanas não é injustificável, mas sim, um passo inicial para que o ativo consiga seu espaço de forma cada vez mais normalizada nas economias de diferentes países, e consequentemente, romper as barreiras atuais de seu uso cotidiano entre a população como forma de pagamentos.

Bitcoin já consome mais energia que um país com 100 milhões de pessoas

O bitcoin, sem considerar as demais criptomoedas existentes, aumentou seu consumo de energia em 41,91% no ano de 2020, e, com isso, já demanda mais energia do que a maioria dos países no mundo.

Esta estimativa foi feita pela Universidade de Cambridge na Inglaterra, que ainda ressaltou o aumento considerável deste dado em 23,36% só nas últimas semanas do ano anterior, o que acabou colaborando para este total.

O consumo energético do bitcoin saltou de 86,67 TWh desde 17 de dezembro para 106,92 TWh atualmente (8 de janeiro de 2021). Os dados são do Centro de Finanças Alternativas da universidade, que criou uma plataforma no qual foi possível a obtenção desses dados, comparando o consumo energético do bitcoin em diferentes períodos.

Essa energia utilizada inclui por exemplo a mineração de novos bitcoins emitidos no mercado, além dos registros e validações de suas transações dentro da blockchain, e o processamento de produtos financeiros que estão associados a ele, como por exemplo, as DeFis e também stable coins.

Para isso, a quantidade de tempo e dinheiro gasto com tecnologia para mineração, além de criação e adaptação de plataformas de pagamento de diferentes instituições demonstram que o interesse pela criptomoeda está longe de acabar, muito pelo contrário. Há quem considere o bitcoin como o novo “ouro digital”.

Não à toa a utilização cada vez maior de energia para que o funcionamento da estrutura do bitcoin venha se suceder, é cada vez mais justificada pelo seu promissor projeto. A sua projeção a longo prazo, já era esperada por muitos especialistas da criptomoeda em US$100 mil, há que projete valores ainda maiores que este.

A pandemia, por sua vez, gerou uma crise financeira que acabou escancarando a fragilidade das moedas fiduciárias estatais em momentos atípicos, no qual acaba-se emitindo grande volume das mesmas, perdendo seu valor ao longo do tempo.

E como toda inovação, o objetivo do bitcoin seria justamente trabalhar na resolução de problemas relacionados a esta fragilidade, promovendo uma moeda descentralizada e totalmente digital, em tempos de ascensão da tecnologia.

Até por isso, alguns países já estudam a possibilidade de substituição de suas moedas no modelo físico para uma versão digital, começando pela China, que já realizou testes. Porém, esse tipo de ação governamental apenas confunde os mais leigos no assunto, pensando haver alguma relação dessas estruturas com a tecnologia blockchain, quando na verdade é totalmente diferente.

Conclusão

A cada nova queda brusca do bitcoin, muitas pessoas, principalmente os mais leigos no assunto, acabam por afirmar que é o fim da criptomoeda ou que esta não tem valor algum propriamente dito no mercado.

Agindo pelo medo, muitos apenas se levam pela euforia do mercado em momentos de altas sucessivas ou pelo medo em momentos de quedas bruscas, pensando “bitcoin já deu”. 

A maior parte dos críticos do bitcoin nem sequer estudam a respeito do fundamento do criptoativo, e até por isso, especialistas da economia mais tradicional apontam severas críticas à moeda, mas não justificam as falhas em seus fundamentos. 

Quedas como a que vimos hoje, serão vistas de igual ou maior tamanho mais à frente, e enquanto os investidores mais experientes verão mais oportunidades de ganho quando chegar ao fundo, os mais desavisados venderão tudo na baixa e perderão boa parte do seu patrimônio.

É preciso compreender os ciclos ligados ao bitcoin, os fundamentos de sua criação e a partir disso, decidir por meio de análises mais profundas no cenário econômico, algumas oportunidades de compra e venda com maior efetividade de lucro, para que assim, não tenha frustrações com a euforia do mercado, podendo prever com mais precisão essas quedas e preparando-se para elas.

Sendo assim, confundir quedas históricas de ativos com o fim deles, é um erro que muitos investidores têm cometido ao longo do tempo. Isso acaba se dando de forma ainda mais acentuada no bitcoin, que por sua vez, acaba sendo um ativo novo e diferenciado em relação aos mais tradicionais e consequentemente ainda pouco compreendido.

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