A nova Bolsa de Valores de Pequim foi inaugurada no dia 15 de novembro, com o objetivo de impulsionar e fortalecer as Pequenas e Microempresas (PMEs) do setor de inovação. A equivalente da nova Bolsa de Valores de Pequim é a Nasdaq, conhecida como a Bolsa da tecnologia e fica localizada em Nova York.
Essa Bolsa de Valores é quarta no país, comandada pelo presidente Xi Jinping, e por meio dela os empresários poderão capitalizar suas empresas dentro do próprio país, diminuindo a necessidade de recorrer aos investidores de Wall Street, nos Estados Unidos.
O lançamento da Bolsa é de importância estratégica para a visão econômica e política do presidente do país. Ela chega no momento em que o presidente está reprimindo alguns dos maiores gigantes da tecnologia do país.
Além disso, o objetivo é também ser uma via aos obstáculos regulatórios que as empresas chinesas estão enfrentando nos Estados Unidos e dentro do próprio país.
A China já possuía três outras Bolsas espalhadas pelo país, são elas:
- Bolsa de Valores de Xangai: Localizada no leste do país, a cidade de Xangai é a capital econômica da China e seu principal índice é o SSE 180;
- Bolsa de Valores de Shenzhen: Shenzhen é uma metrópole tecnológica do sul da China, que fica localizada na província de Guangdong e sua capitalização de mercado ultrapassa a casa dos 1,5 trilhões de dólares;
- Bolsa de Valores de Hong Kong: A Bolsa de Hong Kong é a terceira maior Bolsa da Ásia e é a que cresce mais rápido dentro do continente. Em 2018 possuía mais de 2.300 empresas listadas e com isso tornou-se a quarta maior Bolsa do mundo.
Porém, quando necessitavam atrair investimentos para o seu desenvolvimento, as PMEs chinesas do setor de tecnologia buscavam investidores estrangeiros de Wall Street.
A nova Bolsa de Valores e a influência de Pequim
Muitos devem se perguntar o porquê da nova Bolsa de Valores ser sediada em Pequim e iremos explicar.
As outras três Bolsas de Valores chinesas estão localizadas longe do centro político do país, mais precisamente no norte.
A escolha de Pequim, que é a sede política do país, para sediar a nova Bolsa de Valores ocorreu pelo motivo de que a fusão entre a cidade e a nova Bolsa pode acarretar em um grande centro cultural, de intercâmbio internacional e de inovação tecnológica para o país.
Veja também: Flash crash: Entenda este evento curioso do mercado financeiro
O caminhar da nova Bolsa de Valores
A nova Bolsa de Valores de Pequim foi fundada como uma extensão da National Equities Exchange And Quotations (NEEQ), que opera o New Third Board, um mercado de Balcão. As mais de 7 mil empresas listadas neste mercado são fortes candidatas a abrir capital em Pequim.
A inauguração do novo centro financeiro do país ocorreu com uma relativa discrição da mídia e a imprensa estrangeira sequer foi convidada para acompanhar o movimento do pregão.
O primeiro lote de negociação ocorreu com pouco mais de 80 empresas, incluindo 10 ofertas públicas de empresas do setor de tecnologia e manufatura. Como de costume, as ações desses IPOs subiram nos primeiros dias e tiveram uma alta média de 200%.
A empresa Tongxin Transmission, fabricante de peças automotivas, teve um desempenho de destaque, com um ganho que ultrapassou os 490%.
As ações negociadas na Bolsa de Valores de Pequim precisam seguir alguns regulamentos internos e um deles trata que as ações listadas não podem sofrer uma variação diária de 30% e por isso alguns papéis que valorizaram 60% no mesmo dia foram suspensos do pregão.
A Bolsa de Valores de Pequim e a economia interna
Em um momento em que as imobiliárias chinesas precisam urgentemente de dinheiro para evitar a inadimplência, todo o setor enfrenta o problema de custos excessivos de empréstimos.
A volatilidade no mercado de títulos em dólares americanos emitidos por empresas chinesas com classificações de créditos especulativas coincidiu com o pagamento em atraso de uma série de títulos por grandes imobiliárias.
A nova Bolsa de Valores de Pequim emitiu seis regras de negócio, incluindo as “Regras Detalhadas para a Implementação de transações de Valores Mobiliários para Investidores”.
Sendo assim, as regras acima, juntamente com as 45 regras de negócios emitidas no período anterior, cobrem emissão e listagem, financiamento de fusões e aquisições, supervisão de empresas, negociação de valores mobiliários, gestão de membros e a adequação do investidor.
Antes da inauguração da nova Bolsa no dia 15 de novembro, um total de mais de 2,1 milhões de investidores já haviam feito nomeações para abrir os direitos de investidor qualificados da CBEX.
Após a abertura do mercado, o número total de investidores que podiam participar da CBEX ultrapassou a casa dos 4 milhões.
Veja também: Política fiscal e seu impacto na economia, devemos nos preocupar?
Fortalecendo o mercado interno
A nova Bolsa de Valores de Pequim tem sido também uma resposta para as recentes discussões entre o governo chinês e o governo norte-americano, ao que se refere à supremacia global.
Devido a essas discussões, Washington decidiu excluir a Hauwei Technologies da rede sem fio de quinta geração do território americano.
Nesse sentido, a China tem incentivado suas empresas a se listarem no país e a se tornarem menos dependentes de dinheiro e tecnologia estrangeira, devido também aos processos rigorosos enfrentados por elas nos Estados Unidos.
Além disso, o movimento de novos IPOs dentro do território chinês reduz a dependência das PMEs em captar empréstimos junto aos bancos.
Considerações finais
A nova Bolsa de Valores de Pequim coloca as menores empresas em uma grande via de crescimento na qual elas poderão se capitalizar, fortalecer suas operações e entregar soluções ainda mais disruptivas ao país.
Outro ponto importante é que com a crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19, as PMEs têm enfrentado dificuldades para levantar fundos de bancos.
Nesse contexto, a nova Bolsa de Valores de Pequim se apresenta como uma solução financeira tanto para as empresas, quanto para a economia do país em um momento em que o governo busca reduzir o superendividamento de seu sistema financeiro.