Dados coletados pelo relatório sobre Riqueza Global de 2021, realizado anualmente pelo Banco Credit Suisse, mostram que o Brasil, além de ser um dos países com maior desigualdade do mundo ainda vem piorando seus números. No ano de 2020 o país seguiu um movimento mundial que foi intensificado pela pandemia do coronavírus. Com isso, a concentração de renda aumentou atingindo o pior número em 20 anos.
No ano de 2020, praticamente metade da riqueza do Brasil foi para o bolso do 1% mais rico da população, isto é 49,6% de toda a riqueza do país concentrada na mão de uma parcela minúscula da população. Esse fato acentua ainda mais a desigualdade existente no país.
Esse número mostrado é o pior em 20 anos no Brasil. No ano 2000 o 1% mais rico detinha cerca de 44,6% da fortuna do país. Nos próximos anos, esse número começou a cair, quando em 2010 ele atingiu 40,5%, o menor número registrado até então. A partir disso, o número voltou a subir, atingindo quase metade de todo patrimônio na mão de poucos em 2020.
O ranking contou com 10 países avaliados, e o único que obteve um resultado pior do que o do Brasil foi a Rússia, onde o 1% mais rico detém 58,2% da riqueza do país. Apesar disso a parcela que os mais ricos do Brasil ganharam em 2020 foi maior do que os da Rússia. No Brasil foi acrescido cerca de 2,7 pontos percentuais enquanto na Rússia o aumento foi de 1,1%, apenas.
“Os grupos mais ricos foram relativamente pouco afetados pela redução no nível geral de atividade econômica e, ainda, se beneficiaram com o impacto da queda de juros na valorização das ações e dos preços de imóveis”, declarou o relatório.
Previsões para o Brasil
Apesar de ter havido um aumento no patrimônio dos mais ricos, alcançando praticamente metade da riqueza nacional, ocorreu uma queda no número de milionários no Brasil em 2020. Isso se deu por conta da desvalorização sofrida pela moeda nacional frente ao dólar. O número de milionários em 2020 caiu de 315 mil para 207 mil, uma queda bastante expressiva.
O Credit Suisse prevê, no entanto, um aumento nesse número nos próximos quatro anos. A expectativa é de que no ano de 2025 existam cerca de 361 mil milionários no Brasil, representando um aumento de 164 mil pessoas com essa quantia na conta.
Ainda segundo dados da Economist Intelligence Unit (EIU), apenas 193 brasileiros detinham cerca de 1% da riqueza nacional em 2020. Além disso, 3,2 milhões detinham cerca de 10% de toda essa fortuna.
Ações que podem ajudar a diminuir a desigualdade no país
A desigualdade é um problema que afeta o mundo todo, mas principalmente os países em desenvolvimento. No Brasil, ela é muito evidente e afeta uma grande parcela da população. Justamente por isso, é tão importante existirem discussões sobre o que fazer para contornar e amenizar esse problema que já acompanha o país há tantos anos.
Uma ação que pode e já vem sendo tomada principalmente nessa época de pandemia é a criação do Auxílio Emergencial para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Com isso, é garantido a dignidade dos cidadãos independente da renda e da situação social de cada um. Por isso é tão importante que ele seja aplicado e planejado de maneira correta.
A taxação de grandes fortunas é uma ação que segundo a opinião de alguns especialistas poderia diminuir a desigualdade no país, embora seja uma política bastante questionada por outros. No Brasil, o imposto sobre grandes fortunas já é previsto na constituição desde o ano de 1988, no entanto, ele ainda não é regulamentado.
Hoje em dia a porcentagem máxima de imposto sobre a renda de pessoas físicas é de 27,5%. Caso fosse regulamentado, se poderia discutir mudanças na situação da concentração de renda no país e da desigualdade, embora não se saiba ao certo sua efetividade na prática.