Mais de 5 milhões de americanos solicitaram seguro-desemprego na semana passada, elevando o total para 22 milhões no mês desde que a pandemia de coronavírus acelerou a economia dos EUA. O Coronavírus apagou em um mês uma década inteira de criação de empregos.
A soma das quatro semanas de aumento das solicitações de seguro-desemprego se compara a aproximadamente 21,5 milhões de empregos criados durante a expansão econômica iniciada em meados de 2009 nos EUA. Os pedidos registram a quarta semana consecutiva na casa dos milhões.
Os números mais recentes sugerem uma taxa de desemprego atualmente em torno de pelo menos 17% – muito acima dos 10% alcançados após a recessão de 2008 que terminou em 2009 – em um sinal de que os efeitos das paralisações se espalharam muito além da onda inicial de restaurantes, hotéis e outras empresas mais vulneráveis.
Mesmo assim, os dados mostraram que a maioria dos estados registrou declínio nas reivindicações de seguro-desemprego da semana anterior, sugerindo que o ritmo vertiginoso das perdas de empregos está começando a desacelerar. Os registros na semana passada também podem ter sido limitados pelo feriado da Sexta-feira Santa.
Desemprego pode atingir 17 milhões de trabalhadores nos EUA
As solicitações recorrentes, ou o número total de americanos que recebem seguro-desemprego, saltou em 4,53 milhões, atingindo um recorde de 12 milhões na semana encerrada em 4 de abril. Vale lembrar que esses números são relatados com um atraso de uma semana.
O índice S&P 500 de ações dos EUA subiu na abertura do mercado, por outro lado os rendimentos do Tesouro Americano em 10 anos caíram e o dólar se valorizou perante às outras moedas. Outros relatórios divulgados na quinta-feira mostraram o impacto crescente e aprofundado dos esforços destinados a impedir a propagação do Covid-19.
A semana passada também registrou os bancos começando a emprestar dinheiro para pequenas empresas com intuito de manter as folhas de pagamento intactas, como parte de um pacote de estímulo de US$ 2 trilhões do Federal Reserve.
À medida que a pandemia é controlada, a entrega de fundos de estímulo a americanos e empresas ajudará a determinar a velocidade de qualquer recuperação na produção e no emprego.
A maioria dos economistas espera uma recuperação a partir do segundo semestre de 2020, embora possa levar vários anos ou mais para retornar aos níveis de emprego vistos antes da chegada do Covid-19 aos EUA.
A Califórnia teve o maior número de solicitações na semana passada, em cerca de 661.000, abaixo dos 919.000 na semana anterior. Nova York foi a próxima em cerca de 396.000, seguida pela Geórgia em 318.000 e Texas em 274.000.
“Obviamente, esses são dados historicamente horríveis, mas em relação às projeções mais extremas de uma taxa de desemprego de mais de 20%”, os números mais recentes sugerem “estamos acompanhando um pouco menos do que isso”, disse Brett Ryan, economista sênior do Deutsche Bank.
“Vimos duas semanas consecutivas de declínio nas reivindicações iniciais, portanto, partindo dessa perspectiva, podemos ter visto o pico em termos da onda inicial de desemprego”.
Qual o impacto do desemprego nos EUA para o Brasil?
A economia é globalizada e os EUA são a maior economia do mundo. Logo, seus dados são extremamente relevantes para projetar como a economia brasileira pode se recuperar, apesar de os dois países apresentarem diferenças nas relações de trabalho e liberdade econômica.
Um fato que deve ser notado é que por haver menos burocracia, os americanos demitem rápido, mas também podem recontratar na mesma velocidade. Isso faz com a volatilidade econômica tenha mais impacto sobre a geração e o fechamento de novos postos de trabalho.
No Brasil, o desemprego já atinge milhões de trabalhadores. Empresas mais fragilizadas e pequenos empreendedores estão fechando as portas. Isso reflete uma queda no PIB brasileiro e a expectativa de um aumento expressivo de desemprego. Uma projeção do FMI que mostra uma queda de 5,3% do PIB e a taxa de desemprego em 14,7% (antes era de 11,6%).