Desde que o Coronavírus começou a se espalhar, medidas de isolamento e afastamento social foram implantadas. Governadores e prefeitos passaram a decretar que comércios de serviços “não essenciais” deveriam ficar fechados. Isso impactou toda uma cadeia do setor de turismo, bares, restaurantes, informática, lojas de departamento e vestuário.
Muitos comerciantes estão com faturamento próximo de zero, tendo que pagar fornecedores, salários de funcionários e outros custos fixos com o estabelecimento. Por esse motivo, alguns donos de comércio já começaram a fazer demissões para evitar um prejuízo ainda pior.
Nos Estados Unidos, o número de solicitações de seguro desemprego subiu mais de 1500% em uma semana. A economia sofrerá bastante, porque isso gera um ciclo vicioso: renda diminui, diminui o consumo, diminui o faturamento das empresas, diminui a renda.
Para combater esses ciclos, os governos anunciaram pacotes extraordinários de incentivos fiscais. Só os EUA vão liberar US$ 2 trilhões para a economia, muito mais do que na crise de 2008. O Brasil poderá injetar mais de R$ 1 trilhão através de créditos e benefícios. O medo é que a falência de empresas aprofunde uma crise e torne-a em depressão.
O recente estudo da Cielo, empresa de serviços financeiros, mostra que a preocupação do Governo Federal com a atividade econômica é real quando observamos o faturamento das empresas no Brasil. A receita do varejo despencou e muitas empresas deverão fechar as portas nos próximos dias.
A imagem acima mostra quantos dias um setor consegue suportar sem fluxo de receitas. Restaurantes são o setor mais vulnerável. Varejo, construção, manutenção e lojas de departamento também estão sob risco.
Só farmácias e supermercados se salvam
O gráfico abaixo considera uma comparação do faturamento médio dos dias antes do Coronavírus e do faturamento após a epidemia. Os maiores perdedores são vestuários e estacionamentos. Mas também perdem muito: bares, turismo, construção, postos de combustível e muitos outros setores não categorizados.
Nem compras no “crédito” estão salvando o faturamento das empresas. Olhando por este lado, o Turismo é o setor que mais sofre. Pois é praticamente impossível viajar no momento. Empresas aéreas e agências de viagem estão sofrendo um golpe fortíssimo. Sem dúvidas, é o setor mais fragilizado no curto e médio prazo para o momento.
Os dados da Cielo também revelam outra notícia ruim: o setor de serviços é o que mais sofre nesses choques de demanda. Entre os serviços estão classificados: bares e restaurantes, transportes, turismo e outros serviços que são no meio físico. Este setor viu uma contração média de 39,5% desde o dia 2 de fevereiro.
No Brasil, o setor de serviços é responsável por participar de mais de 75% do PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de todas as riquezas produzidas em território nacional. A retração deste setor mostra o quão séria poderá ser a recessão econômica caso a epidemia e as medidas de isolamento durem por mais tempo.
Por outro lado, o setor de bens não duráveis, como supermercados, hipermercados e drogarias teve uma alta de 6,3% no período. Isso indica que as pessoas estão estocando e se preparando para ficar mais tempo em quarentena.
De modo geral, o faturamento do setor de serviços despenca, como no gráfico abaixo, com um índice começando em 100. Hoje o índice está na casa dos 60 pontos.
E o e-commerce? Está salvando a economia?
Mais pessoas em casa significa mais oportunidades para o e-Commerce, correto? As pessoas passariam a comprar mais pela internet? O raciocínio faz sentido, mas a realidade fria dos números mostra que a história não é por aí. A queda de faturamento foi, em média, menor do que nas lojas físicas (-40% vs -57% de queda de faturamento), mas o resultado ainda é muito ruim.
Apenas bares e restaurantes conseguiram salvar parte do faturamento através de um aumento de 69% através de entregas pela internet, principalmente em aplicativos como iFood e Rappi. No entanto, não são todos que estão optando por esse modo de trabalhar.
Conforme dito acima, o choque de demanda causado pelo Coronavírus foi pesado. Em uma questão de semanas, milhares de negócios levaram um forte golpe no faturamento. Até o governo já alterou a previsão de crescimento. Alguns institutos de pesquisa estão estimando uma contração de mais de 4% no PIB brasileiro.
Esses dados indicam que a população está temerosa quanto ao futuro e está optando por cortar gastos considerados como supérfluos. Por isso, não devemos esperar ninguém viajando, reformando ou construindo e renovando as peças no guarda roupas nos próximos meses.