Desde o começo da pandemia, muita coisa mudou, especialmente na economia. O Brasil e muitos outros países, passaram pela maior crise econômica já vista (ao menos quando medimos por trimestres). O fechamento de comércios fez a demanda cair e o preço de muitos produtos caírem no começo. Mas a tendência mudou.
O problema é que os preços caíram porque não tinha ninguém para comprar. Muita gente perdeu renda durante a pandemia e muitos estabelecimentos entraram em liquidação para tentarem fazer caixa em um período extremamente atípico e desafiador. O governo, por outro lado, tomou medidas extremas para evitar um dano econômico maior.
Entre as medidas, podemos destacar o próprio Auxílio Emergencial e os sucessivos cortes na taxa de juros, que ajudaram a criar linhas de crédito mais acessíveis para empreendedores e consumidores que estavam precisando do dinheiro em um momento de emergência.
Agora, os estabelecimentos estão voltando a reabrir, parte da população está sendo empregada de novo e recuperando a renda, e naturalmente os índices de inflação já começaram a “gritar’. O primeiro deles foi o IGP-M, usado para reajustes nos aluguéis, que já estava sinalizando um aumento de preços lá em agosto.
Poucas pessoas se importaram com isso, até porque o IGP-M nem é o índice mais conhecido. Por isso, o susto foi grande quando a população foi ao mercado comprar seus alimentos e se depararam com o abrupto aumento de preço, com maior destaque para o Arroz e Feijão. O fato até virou meme em uma questão de dias.
Real, uma das piores moedas do mundo em 2020
Antes que você pense o preço do arroz subiu por causa do isolamento social, é melhor saber que não. As pessoas ficando em casa em uma pandemia não foi o principal motivo. Aliás, no começo até ajudou para fazer o preço dos produtos caírem. O “X” da questão está no dólar, que disparou em 2020.
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A moeda americana já estava subindo antes da pandemia, mas disparou depois que o mercado de ações passou por um dos tombos mais rápidos da história moderna. Muito investidor estrangeiro tirou seus dólares investidos no Brasil e voaram para países mais seguros em época de crise.
No geral, isso acontece em quase todos os países subdesenvolvidos. Nosso caso não foi diferente. Mas o problema é que o Brasil foi excepcional em ver sua moeda se desvalorizar. O Real se tornou a pior moeda do mundo contra o dólar na pandemia. O dólar quase bateu R$ 6 em Maio, mas recuou meses depois.
Dólar caro é ruim para quem gosta de importar. O PS4 fica mais caro, o perfume importado vai ter que esperar, assim como a viagem para a Disney. Mas nessas horas, quem vende para o exterior se dá bem. Afinal, o poder de compra do “gringo” aumenta e ele poderá comprar mais dos nossos produtos.
O maior parceiro comercial da China
Sim, a China é o nosso maior parceiro comercial. Lembra de quando a economia brasileira “nadou de braçada” entre 2003 e 2008? Parte disso se deve a alta demanda chinesa por nossas commodities, principalmente grãos, petróleo e minério, que estavam supervalorizadas no período.
Aliás, neste período acumulamos a reserva de dólares que temos hoje, a qual Paulo Guedes gosta de fazer “trades” para vendê-las mais caro e repassar para o Tesouro Nacional depois. A China, por ser nossa maior parceira comercial, impacta diretamente no cotidiano brasileiro, e sua influência chega até na prateleira da “birosquinha”.
Os chineses contribuíram para o aumento do preço da carne no começo do ano, porque eles importaram muita carne aqui do Brasil quando estavam enfrentando um problema com um grande número de mortalidade de porcos no país. Agora, mais uma vez, eles voltam à tona com a importação de alimentos.
O arroz ficando mais caro e a moeda brasileira desvalorizada culminaram na oportunidade perfeita para os exportadores ganharem mais dinheiro. A China topou a compra e os estoques de arroz aqui no Brasil caíram por conta do alto volume de exportação. Com isso, o consumidor final (maior parte das famílias) se deu mal na história.
Mas se engana que isso é culpa exclusiva dos Chineses. Muito do PIB do Brasil se deve a eles. Isto tem mais a ver com a profunda desvalorização do Real e com a valorização dos alimentos. Contudo, estes períodos tendem a passar e o preço voltar ao normal.