O que esperar da economia brasileira em 2020?

Quais são suas expectativas para a economia brasileira em 2020? O que deverá acontecer com o crescimento, desemprego, juros, inflação e dólar? Confira nesse post.

A economia brasileira está se recuperando de um grave recessão que ocorreu entre os anos de 2014 e 2018. Em 2019, nossa economia cresceu menos do que era esperado no começo do ano. Isso foi sinalizado em cortes na taxa de juros, baixa inflação e uma lenta geração de empregos.

Esse baixo crescimento pode ser constatado ao observar o Relatório Focus, publicado semanalmente pelo Banco Central, que procura mostrar um agregado de expectativa de analistas financeiros sobre variáveis econômicas como PIB, inflação, cotação do Dólar e Taxa de Juros. 

Em 2019, os analistas esperavam um crescimento econômico de 2,55%, uma taxa de juros em 7,13%, o dólar cotado a R$ 3,80 e a inflação batendo 4,03%. Fechamos o ano de 2019 com expectativa de crescimento de 1,17% do PIB, uma inflação anual em 4,04%, juros em 4,5% ao ano e o dólar cotado a R$ 4,10.

Apesar de ter sido um ano de baixo crescimento econômico, a aprovação da Reforma da Previdência pode criar um caminho para controlar o orçamento público e frear o aumento do déficit nas contas da União. O risco-país do Brasil, índice que mede o risco de um país dar calote na dívida, também caiu para seu menor patamar em 6 anos.

A baixa inflação, risco-país controlado e o lento crescimento também abriram espaço para que o COPOM pudesse reduzir a taxa de juros de 6,5% para 4,5%, o menor nível na história do Brasil. Todos esses fatores, reunidos, geram grandes expectativas para o ano de 2020.

O que esperar da economia brasileira em 2020?

Apesar de o ano de 2019 não ter cumprido as expectativas de crescimento, ele mostra que podemos ficar otimistas para o próximo ano. Hoje, dia 30 de dezembro de 2019, saiu o último Relatório Focus do ano, que confirma as expectativas dos analistas financeiros para 2020.

relatório focus economia brasileira 2020
Fonte: Relatório Focus

No próximo ano, é esperado um crescimento econômico de 2,30%. Embora seja uma expectativa um pouco conservadora, ela pode e deve ser facilmente superada. O cenário de juros baixos, inflação controlada e baixo risco-país apontam uma situação favorável para a geração de empregos e consumo através de investimentos.

Os analistas também esperam uma inflação de 3,60% e uma taxa de juros estável em 4,5% ao ano. O cenário na totalidade é muito favorável, exceto quando se fala em taxa de câmbio. Se você pretende viajar para os EUA, é melhor se atentar, pois a tendência é que o dólar permaneça acima dos R$ 4,00 em 2020.

Vale lembrar que o relatório aponta a MEDIANA das expectativas de um conjunto de centenas de analistas financeiros. Portanto, o relatório busca apenas as estimativas centrais dos analistas entrevistados. 

O estágio atual de nossa economia

Estamos nos recuperando da maior recessão econômica de nossa história. A recuperação normalmente é um processo lento e dolorido, ainda mais se as contas do governo se deterioram. O reflexo disso é visível em qualquer notícia que anuncia corte de despesas e programas sociais não obrigatórios para frear o endividamento.

Nossa situação fiscal está melhorando lentamente, mas ainda é grave e precisa de maior atenção. O governo previa um déficit primário de R$ 139 bilhões no começo de 2019, no entanto, o déficit realizado esse ano foi de R$ 80 bilhões. Isso é um excelente indicador de que a situação das contas do governo pode melhorar, desde que as atitudes corretas sejam tomadas.

A Reforma da Previdência pode ajudar o governo a economizar R$ 1 trilhão nos próximos anos. No entanto, os cortes de despesas serão a tônica do governo em 2020. Também passando por uma reforma tributária e a intensificação nas privatizações de empresas públicas, assim como cessão ou leilão na exploração de recursos naturais.

Olhando pela ótica do ciclo econômico, é possível constatar 3 fases de uma economia: boom, burst e depression. Respectivamente, as economias apresentam crescimento (boom), encolhem (burst) e entram em recessão (depression). 

Acabamos de sair do estágio de depression e estamos começando a entrar no boom. As empresas estão recuperando a lucratividade sobre o capital, captando recursos na bolsa de valores, investindo e buscando mão de obra através da contratação de trabalhadores.

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Elaboração própria – Fase atual do Brasil no Ciclo Econômico.

A geração de novos empregos tende a aumentar a renda da economia, aquecendo a procura e consumo por bens e serviços, gerando crescimento econômico. Isso já está sendo feito no Brasil. A tendência é que essa escala aumente em 2020, o que irá acelerar o crescimento.

O dever de casa está sendo feito pela equipe econômica de Paulo Guedes. No entanto, é preciso se atentar a fatores de risco da economia externa. O Brasil não é uma ilha isolada, afinal, vivemos em uma economia globalizada.

Economia internacional

Quando se fala em economia internacional é normal pensar nos protagonistas da dinâmica econômica no mundo, tais como: Estados Unidos, China, Rússia, França, Inglaterra, Itália e Alemanha. Países que fazem parte de blocos econômicos da Europa e Ásia também possuem um grande peso.

O ano de 2020 será agitado para os norte-americanos. A economia dos Estados Unidos parece estar no auge do ciclo econômico (boom). O medo de recessão no começo de 2019 foi dissipado pela postura do FED (Banco Central dos Estados Unidos) ao retomar o programa de afrouxamento quantitativo, que consiste na compra de ativos financeiros e redução da taxa de juros. O gráfico abaixo mostra a expansão do balanço do FED, com a compra de ativos financeiros.

expansão do balanço do FED economia brasileira 2020
Fonte: FRED

Com o Banco Central garantindo incentivos, os temores de recessão ficaram para trás. Os índices de emprego e consumo estão em suas máximas dos últimos anos, o crescimento americano continua forte, mesmo o país em Guerra Comercial com a China.

Guerra Comercial e o auge da economia dos EUA

Além disso, o presidente Donald Trump não está disposto a deixar a economia desacelerar em pleno ano de eleições, onde tentará sua reeleger. Um dos seus trunfos é o forte crescimento econômico presenciado entre os anos de 2016 e 2019 pelos norte-americanos. O gráfico abaixo mostra o crescimento anual do PIB americano entre 2017 e 2019.


Fonte: tradingeconomics.com

Por conta disso, o risco de uma recessão nos Estados Unidos para 2020 é baixo, apesar disso, tal risco não deve ser descartado. Conforme podemos ver em diferentes períodos da história, a economia nem sempre atende às expectativas de um político. 

Se Trump esticar muito a corda para fazer a economia americana, poderá distorcer os mercados, estruturas produtivas, preços e criar alta inflação, fazendo necessária a elevação dos juros, o que aumentará o risco de recessão para os próximos anos.

A Guerra Comercial entre China e Estados Unidos se tornou uma novela e quase evoluiu para uma guerra cambial, com a China desvalorizando sua moeda (Yuan). A principal preocupação é que uma Guerra Comercial prolongada poderia gerar uma recessão na economia mundial, ao prejudicar os principais parceiros econômicos de China e EUA.

As tensões se elevaram especialmente depois de abril. No entanto, o mercado espera ansiosamente a negociação da primeira fase do acordo, diminuindo as tensões entre os dois países.

tarifas china guerra comercial
Tarifas sobre produtos chineses (Azul) e tarifas sobre produtos americanos (Amarelo). Fonte: CNBC

Também devemos esperar uma desaceleração da economia Chinesa para o próximo ano, como consequência da Guerra Comercial. O governo está mais cauteloso sobre oferecer estímulos para a economia do país. O aumento de dívidas da China é uma preocupação crescente. Em 2019, a economia chinesa cresceu 6,2%, ritmo mais lento desde 1990.

Como a economia internacional impacta o Brasil em 2020?

Apesar de estarmos fazendo a lição de casa, ainda vivemos em uma economia globalizada. Além disso, somos grandes exportadores de commodities (boi, minério, soja e café). Ou seja, dependemos da economia e do poder de compra da moeda dos importadores de nossos bens produzidos.

Uma desaceleração da economia de Estados Unidos e China será bem desconfortável para a economia brasileira. Os chineses são nossos maiores parceiros comerciais e importam muitas das nossas commodities e carnes. Só com a China em 2019, o Brasil teve um saldo de US$ 21.45 bilhões na Balança Comercial.

O Brasil está no começo do ciclo de expansão, enquanto os europeus e norte-americanos parecem caminhar para o fim da fase expansiva. Será importante para o Brasil conseguir estruturar sua economia com crescimento sustentável em 2020 para poder suportar um impacto de uma recessão global para os próximos anos.

Contudo, se depender de fatores internos, a economia brasileira poderá surpreender aqueles que seguem a risca as expectativas do relatório Focus. Pessoalmente, estou otimista. E você? Quais são suas expectativas para a economia brasileira em 2020?

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