O ano de 2020 foi recorde no aumento de recursos na poupança, muito por conta da criação do auxílio emergencial que o governo federal disponibilizou a milhões de brasileiros. Com isso, a poupança realizou uma captação de recursos durante o ano de R$166,3 bilhões, em um balanço positivo.
Apesar dessa marca histórica, o ano de 2021 se iniciou também com novos dados, porém na contramão do que estava sendo visto, através da maior retirada mensal da poupança desde o início da criação do Banco Central em 1995.
Ao todo foram retirados cerca de R$18,1 bilhões da poupança no mês de janeiro deste ano, vindo de um balanço total de R$244,9 bilhões que foram depositados, contra R$263 bilhões que foram retirados no mesmo mês, atingindo essa marca histórica, segundo consta os dados do próprio Banco Central.
O ano recorde para a poupança em 2020, impulsionado pelo auxílio emergencial, agora volta à realidade cada vez mais presente: A permanência da baixa histórica dos juros e a tendência para a fuga da poupança.
Com a manutenção da taxa Selic em 2% durante alguns meses, o menor valor já registrado pela taxa básica de juros brasileira, a renda fixa, assim como a poupança, acabam perdendo muito força no cenário atual, embora culturalmente é o tipo de investimento mais utilizado no território nacional.
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Essa fuga da poupança em janeiro acabou se intensificando ainda mais, uma vez que o aumento da inflação, não acompanhado também pela alta dos juros, faz com que o rendimento da poupança, na prática, seja ainda menor.
Classe média deixa 70% de seus recursos na poupança, enquanto os ricos apenas 0,4%
Apesar dessa retirada histórica do dinheiro da poupança no mês de janeiro, segundo dados mais recentes da Anbima, que é a Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais, a poupança ainda é o local preferido que a classe média utiliza para deixar seus recursos.
Essa afirmativa vem através dos dados de que a classe média deixa aproximadamente 70% de todo seu dinheiro ainda guardado na poupança, apesar da baixa histórica dos juros que descrevemos anteriormente.
Enquanto isso, os mesmos dados revelam que os mais ricos têm apenas 0,4% de seus recursos na poupança, uma diferença bastante relevante. Em contrapartida, enquanto os mais ricos têm 60% do seu dinheiro investido em ações e fundos multimercado, a classe média tem apenas 2%.
Além disso, constatou-se que a classe mais rica tem seu patrimônio distribuído em ativos de maneira muito mais diversificada do que a classe média, que por sua vez, além de ter 70% do seu dinheiro na poupança, os outros 30% ainda ficam em boa parte colocados em outros investimentos de renda fixa.
Para Jayme Carvalho, que é conselheiro da Planejar, esse fato se dá principalmente por uma questão cultural, mas também de necessidades pontuais. Segundo ele “Para quem só tem o dinheiro que pode precisar no dia seguinte, não tem muito para onde ir além dela”.
Apesar disso, Jayme completa que “O cliente de menor renda não tem cultura de investir, mas também não tem muito para investir, não sobra. Conseguir se organizar e planejar é um começo. Quem já está numa situação mais confortável, aí sim, estará perdendo dinheiro ao deixar na poupança”.
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