O Bank of America, que é o segundo maior banco dos Estados Unidos, acaba de anunciar que já começou a oferecer a negociação de futuros de Bitcoin após este ser um dos pedidos mais solicitados pelos clientes nos últimos tempos.
Não é de hoje que o Bank of America está na lista dos bancos tradicionais que oferecem investimentos em criptomoedas e agora, conforme os pedidos aumentaram, a equipe do Bank of America resolveu implementar esse conceito de arbitragem para rentabilizar o patrimônio dos seus clientes.
Esse não é o primeiro banco dos Estados Unidos que vai oferecer a possibilidade de investimento em operação de futuros. No mês passado foi a vez do Goldman Sachs começar a negociar futuros em BTC em nome dos clientes, graças a uma parceria com a Galaxy Digital.
Operação de futuros em Bitcoin pelo Chicago Mercantile Exchange (CME)
No caso do Goldman Sachs, o Banco compra e vende futuros de Bitcoin em operações por meio da Chicago Mercantile Exchange (CME), que inclusive será a mesma ferramenta que o Bank of America irá utilizar. A mudança é radical, pois em 2018 consultores financeiros foram bloqueados no Bank of America por terem adquirido Bitcoin.
Um relatório sobre o Bitcoin que foi publicado em março pelo Bank of America, consta que apenas US$ 93 milhões eram necessários para impactar pelo menos 1% do preço do Bitcoin. É engraçado até afirmar isso hoje, pois apenas quatro meses atrás, um dos maiores bancos dos Estados Unidos e do mundo ainda era inimigo do Bitcoin.
Mas nem Bank of America ou Goldman Sachs, o primeiro grande banco dos Estados Unidos a oferecer gestão de fortunas com acesso ao Bitcoin aos clientes foi o Morgan Stanley. Depois disso, grandes corporações decidiram alocar um grande fluxo de caixa com a criptomoeda, como a MicroStrategy.
Por que os bancos e investidores institucionais estão adotando em massa o Bitcoin?
Após as máximas históricas atingidas em recorde da principal criptomoeda do mundo em 2021, foi quase inevitável ver bilionários institucionais e bancos mudando de ideia e resolvendo aportar em BTC, oferecer investimentos aos clientes e voltar atrás em críticas que foram duramente feitas no passado.
Até pouco tempo, o Bitcoin era visto com preconceitos em vários relatórios institucionais, como uma terra de ninguém, e um meio para se lavar dinheiro. Mas após El Salvador ter se tornado o primeiro país do mundo a aceitar o Bitcoin para transações em seu território, os Bancos começaram a se aproximar da moeda.
Certamente que a maior reviravolta do Bitcoin foi registrada em 2020, ano em que vivemos o pico da pandemia e que após uma queda das criptomoedas assim como todo Mercado de ações, o BTC foi o que mais rápido se recuperou da crise econômica e acima de tudo, começou a emplacar marcas histórias, uma seguida da outra.
Outro motivo que fez com que não apenas os investidores com menores recursos, mas até mesmo Elon Musk ou Michael Saylor a investirem em Bitcoin, foi a quantidade impressionante de dinheiro injetado pelos Bancos Centrais, sem preocupações com o setor fiscal e que nos próximos anos podem agravar e muito a situação financeira mundial, com os riscos de uma hiperinflação.
Bancos Centrais também estão investindo em Bitcoin pensando no ativo como “ouro digital”
O Bitcoin se trata de um ativo com recursos escassos, que é deflacionário e uma forma que muitos investidores encontraram para se protegerem da inflação causada pelos Governos. Por ser muito mais acessível, vem se popularizando e muitos acreditam que se trata do “ouro digital” com ainda mais vantagens.
Um dos, se não o principal motivo para que o Bitcoin tenha um número tão alto de investidores, é de que esta moeda digital não está ligada a nenhum governo ou Banco Central, além da sua alta transparência, permitindo que todas as transações sejam registradas na blockchain e visualizadas por qualquer pessoa.
Um relatório feito em 2021 pela JP Morgan, comparou o que pode acontecer com o Bitcoin se ele atrair a mesma quantidade de dinheiro que é investida no ouro. A resposta é que pensando no longo prazo, o BTC pode atingir US$ 146 mil, outro pico histórico.
Como Morgan Stanley e outros bancos podem ter influenciado a mudança de ideia do Bank of America com BTC?
Até pouco tempo, os relatórios que eram emitidos pelo Bank of America em relação ao Bitcoin eram sempre pessimistas e em tom de ironia. Para eles, o uso do Bitcoin não teria nenhum atrativo superior ao do dinheiro, além de que o único intuito para se ter Bitcoin no portfólio era para aproveitar altas oscilações de seu preço.
Nos relatórios também constavam que a única razão para se ter Bitcoin no portfólio não era motivada como um ativo para se proteger da inflação ou diversificação, mas sim apenas pelo aumento do preço do ativo. Porém, aos poucos e observando os movimentos opostos de seus rivais, o Bank America mudou de opinião sobre Bitcoin e criptomoedas.
Durante todo 2020, o Bank of America adotou uma postura contrária à adesão do Bitcoin e afirmando que não seria uma recomendação de investimento aos seus clientes, porém isso não aconteceu do lado da Morgan Stanley. O primeiro passo foi criar um fundo de investimento de Bitcoin aos principais clientes, o primeiro nos Estados Unidos.
Ainda muita coisa precisa ser mudada em fundos de investimento, pois ainda apenas aqueles clientes qualificados, com alto patrimônio estão investindo em BTC pelo Morgan Stanley. É preciso ter um patrimônio de no mínimo US$ 2 milhões (R$ 10.220 milhões) e por conta disto, o mercado de futuros se mostra uma alternativa democrática e viável.
É bem provável que ainda tenhamos muito por percorrer até que o sistema financeiro tradicional por sua maioria aceite as criptomoedas como uma classe de ativo. Do lado dos Bancos Centrais, uma pesquisa recente feita pelo Banco suíço UBS, revelou que pelo menos 11% dos Bancos Centrais consideram investir em stablecoins e CBDCs. Desse modo, o Bitcoin entra com força para estar presente entre diversas instituiçõe no futuro.