Qual o futuro dos coworkings?

Neste mês, um estudo da Coworking Brasil atualizou os dados coletados em abril sobre o panorama dos escritórios compartilhados. O intuito da pesquisa era identificar os impactos que a pandemia causou no mercado. Além disso, captar o sentimento de esperança dos fundadores para a retomada depois dos mais de 90 dias de quarentena. 

Na pesquisa, foi identificado que 90% dos coworkings no Brasil teve perdas superiores à 15% de faturamento. Tiveram espaços (40%) que chegaram a perder mais de 75% do dinheiro que entrava todo mês em seu caixa. 

Apesar do verdinho e das pessoas terem desaparecido, os fundadores das empresas ainda estão confiantes. Saindo de 57% e pulando para 75% estão os otimistas com mercado em que estão inseridos. Quem falou estar muito otimista, antes 16%, agora mais que dobrou para 33%. 

Mas sabemos que todo o mercado ainda tem um grande caminho pela frente. Ainda existem muitas adaptações a serem feitas para nossa nova realidade. 

Neste texto, vou listar alguns cenários que acredito que sejam possíveis e soluções já desenvolvidas que vão auxiliar na retomada, tanto para os coworkings, quanto para as empresas.

Spoiler: só uma delas é negativa para o mercado de escritórios compartilhados. E é essa:

1 – As empresas descobriram que é possível trabalhar à distância

Acho muito importante destacar aqui que nós não estamos em um regime normal de home office. Estamos em quarentena, muitas vezes sem encontrar nossos familiares, com as crianças em casa 100% do tempo e com muita restrição para sairmos.

Dito isso, acredito que depois da transformação digital forçada que estamos vivendo, muitas empresas descobrirão (ou já estão descobrindo) como é produtivo para seus funcionários trabalharem remotamente. 

Economia em tempo de transporte, fretados que não precisam mais existir, os gastos nos escritórios e indústrias caem (energia, água, refeitório). E, os funcionários continuam entregando seus projetos. 

Isso abriu muitas portas para pessoas que antes achavam que o trabalho remoto era impossível em algumas áreas da economia. Mas, a pandemia chegou para provar o contrário. 

Acredito que parte dessas empresas, não volta a ter um espaço físico para todos os seus colaboradores. Podendo reduzir à um local para reuniões e encontros maiores em ocasiões especiais em coworkings.

2- Soluções menos burocráticas

Com a suspensão das atividades em diversos setores, infelizmente, muitas empresas tiveram que entregar seus espaços físicos.

Pensando nisso, quando pudermos retornar ao nosso normal (se possível), muitas dessas instituições sairão novamente em busca de um local para trabalhar.

E, ao meu ver, nesta corrida imobiliária, os coworkings saem na frente. Muita vezes mais baratos que ter um escritório próprio, além do lado financeiro, os compartilhados oferecem um outro grande benefício: menos burocracia. 

Nada de procurar imóveis, fazer contratos de aluguel, atualizar cobranças como água, luz, energia, seguro. No coworking você paga um valor único e tem todos os benefícios em um pacote. 

Então, empresas que antes tinham uma sede própria, podem reabrir em espaços compartilhados. 

3- Soluções (coworkings) novas para necessidades novas

Alguns coworkings já estão mudando o formato do serviço que oferecem. Por exemplo, agora, ao invés de fornecerem um espaço físico, oferecem uma assinatura para que empresas possam residir virtualmente um CNPJ naquele endereço comercial. 

Assim, ao invés de uma empresa precisar ter seu próprio endereço para emissão de nota fiscal e comprovação de domicílio fiscal, passa a residir virtualmente nestes coworkings, continuando a trabalhar remotamente em qualquer lugar. 

Outra solução que deve surgir, é a do coworking clássico mas em bairros residenciais. Pessoas que trabalham em empresas que passaram a adotar o remote first podem sentir a necessidade de trabalhar em outros locais além de sua casa. 

Logo, buscarão um escritório próximo à suas residências, para passar o dia trabalhando e retornar ao fim do expediente. 

Neste caso, todo mundo sai ganhando. O colaborador que tem um espaço a mais para se dedicar. O coworking que sai de grandes centros e passa a pagar um aluguel/imóvel mais barato. E, as empresas, que conseguem pagar menos pelo espaço de trabalho. 

As mudanças chegam para todo mundo, inclusive para os coworkings

Apesar da palavra “disruptiva” andar meio banalisada, sabemos que na era da internet e da tecnologia grandes empresas ou setores sofrerão grandes atualizações. Tivemos a hotelaria com o Airbnb, táxis com o Uber, e os próprios prédios comerciais com os coworkings.

Neste novo cenário que estamos vivendo, o que vocês acham que vai atravessar todas essas novas tecnologias que antes já romperam mercados tradicionais? O que vai romper os disruptivos? 

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