A comunidade bilionária de 20 milhões de pessoas

Este é o sétimo texto da nossa série “Unicórnios”. Essa coletânea abordará a história das startups que alcançaram o valor de US$ 1 bilhão. Falaremos sobre seus fundadores, soluções, expansão e políticas internas. O Nubank é destaque neste episódio. 

Nubank

Talvez esse seja o unicórnio brasileiro mais conhecido por aqui e que tenha causado mais mudanças no cenário financeiro do país. O Nubank criou um fenômeno que acho que antes nunca tínhamos visto. Agora temos um grupo de pessoas que amam um banco e torcem por ele.

Os bancos sempre foram vistos como os grandes vilões do capitalismo. Juros abusivos, lucros estratosféricos, taxas escondidas e um ambiente tóxico para os colaboradores. Com o nascimento do Nubank em 2013, tivemos o início de uma mudança da percepção cultural do valor de um banco, possibilitando a aproximação das pessoas com essas novas instituições financeiras como o próprio Nubank, PicPay e outros bancos digitais.

Vou tentar explicar um pouco neste texto o porquê disso acontecer. Como conquistaram duas dezenas de milhões de clientes? Como mantém uma relação tão positiva com a imprensa? Tudo o que realizam internamente e externamente é divulgado de forma positiva por todos os maiores veículos de comunicação do país. 

O dinheiro, nosso salvador

Que atire a primeira pedra o brasileiro (e talvez qualquer pessoa do mundo) que nunca quis ganhar na Mega-sena. Sempre vemos o dinheiro como chave fundamental para resolver qualquer problema e, na minha visão, realmente vivemos em uma sociedade em que isso é uma verdade. Com a enorme desigualdade social que vivemos, somos o 7 país mais desigual do mundo, ficar rico ou parecer um é sempre um objetivo de vida. 

E, daí, (e também de dezenas de outros fatores) que nós, brasileiros desenvolvemos uma relação bem complicada com o dinheiro. Temos 67% das famílias brasileiras endividadas, dado que cresceu desde janeiro (65,3%). Claro que, falta de trabalho, falta de salários justos e educação contribuem e muito para esse número. Mas, ainda sim, temos clássicos como “uma calça jeans para uma adolescente custa mais que R$300” ou amigos próximos, que gastam mil reais em um final de semana na balada (na época em que podíamos sair) sem nenhuma preocupação. 

E, nossos grandes parceiros nessa gastação geral são os bancos. Bancos estes que sempre incentivaram o consumo. Que sempre cobraram taxas e mais taxas de manutenção de conta e movimentações. E praticamente deixavam a população usar um cheque especial achando que aquele montante fazia parte do seu dinheiro. 

Responsabilidade Financeira

Mas, estamos acompanhando de perto uma nova onda de transparência e incentivo à responsabilidade financeira. Não só o Nubank está surfando nisso, temos os outros bancos digitais, corretoras de investimentos, apps de finanças e produtores de conteúdo, que estão criando materiais e features para que a população finalmente tenha mais controle sobre o seu patrimônio e também tenha um serviço mais justo, com menos taxas e burocracia. 

XP, PicPay, C6, Neon, Next, Me Poupe, nós mesmo, a Nox Bitcoin, criam conteúdos diariamente para que você tenha conhecimento sobre suas finanças, sobre o mercado financeiro e possa tomar decisões mais inteligentes com seu patrimônio e no seu dia a dia. 

O roxinho

David Vélez, colombiano radicado nos Estados Unidos, mudou-se para o Brasil em 2012. Ao chegar, teve experiências ruins ao tentar abrir uma conta. Com esse problema nas mãos, se uniu à Cristina Junqueira e Edward Wible com o objetivo de fundar uma startup que não cobrasse nenhum tipo de taxa por serviços bancários e também não tivesse burocracias que impedissem pessoas de abrirem contas. 

Em 2013, eles lançaram seu primeiro produto, o cartão de crédito e o aplicativo. Eles foram um dos primeiros bancos no Brasil a fornecer um cartão de crédito internacional, sem nenhuma taxa, com auto-controle de limite (dentro do limite que eles fornecem) e com notificações em tempo real de todos os gastos feitos. Voltando ao tema dos parágrafos acima, começaram a dar controle para os usuários de cartão de crédito.

A partir daí, desenvolveram outras soluções como a NuConta, o Rewards e a conta PJ. Sempre sendo transparentes sobre suas taxas e benefícios oferecidos em cada um desses produtos. 

Mas, e a legião de seguidores do Nubank?

Hoje, considero o Nubank uma das empresas mais importantes do Brasil e sua cultura empresarial permitiu isso.

Pilares de Valor

  • Queremos que os clientes nos amem fanaticamente;
  • Somos famintos e desafiamos o “sistema”, o status quo;
  • Temos mentalidade de dono;
  • Construímos times fortes e diversos;
  • Buscamos a eficiência inteligente.

Sempre fomos um país muito focado em exportar commodities, ficando com nossa economia à mercê de grandes produções industriais no restante do mundo. Produtos beneficiados e tecnologia, nunca foram o foco de um país extrativista e subdesenvolvido, dependendo dos EUA e da União Europeia para o desenvolvimento de bons serviços que utilizamos no nosso dia a dia. Mas, o boom dos unicórnios nos últimos anos tem mostrado que o Brasil é capaz, e muito, de produzir tecnologia como poucos outros países no mundo.

Nada melhor do que uma empresa brasileira para entender os problemas de sua população e conversar com ela dentro de sua cultura, certo? E, se você fizer isso bem, tem uma população de 200 milhões de pessoas para utilizar sua solução. E, o Nubank faz isso muito bem.

O produto Nubank e o ambiente de trabalho

Como falo nesse texto, os dois últimos grupos geracionais que estão no mercado de trabalho têm uma característica em comum. Buscam um propósito maior em suas atividades profissionais e nos serviços que contratam. 

Marcas que mudam a vida das pessoas, são transparentes, acabam com burocracias, tornam o mundo um lugar melhor (por mais romântico que isso pareça), é o que nos deixa animados. Mas, nada disso adianta se o produto da empresa não resolver um problema real. E, se falarem uma coisa para fora e fazerem outra internamente. 

Acho que por fazer isso, o Nubank se torna uma referência tanto para a imprensa quanto para os usuários. Em desenvolvimento de tecnologia, produtos focados na experiência do usuário. Em formato institucional, como uma empresa que apoia e protege seus usuários e colaboradores. E para os próprios consumidores, que só querem produtos simples de usar, que não os enganem ou os façam gastar dinheiro.

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